Comparação entre dietas carnívoras e vegetais: uma análise química e fisiológica da eficiência alimentar (1891)


Ao avaliar diferentes regimes alimentares sob a ótica da bioquímica e da fisiologia, surgem conclusões intrigantes sobre os efeitos metabólicos das dietas baseadas em carne versus aquelas exclusivamente vegetais. Um estudo detalhado, pautado por análises químicas de oxidação dos alimentos, revela que as diferenças não se limitam apenas ao conteúdo nutricional, mas envolvem aspectos fundamentais como o consumo de oxigênio, a produção de energia mecânica e o impacto sobre os resíduos nitrogenados gerados pelo metabolismo.

Em todas as tabelas utilizadas na comparação, foi adotado um padrão comum de ingestão proteica de 130 gramas diárias. Embora o modelo original proposto por Moleschott utilizasse 120 gramas, esse ajuste visa tornar mais precisa a comparação entre os regimes alimentares. O ponto central de divergência entre os autores não reside na quantidade de proteína, mas na interpretação do valor relativo entre gorduras e carboidratos, especialmente no que diz respeito ao poder energético dos carboidratos.

Na tentativa de obter, a partir de uma dieta vegetal pura, o mesmo rendimento fisiológico de dietas como a de Moleschott ou Porter (esta última baseada em proteínas e gorduras), foi necessário quase dobrar a quantidade de proteínas vegetais consumidas. Isso gerou, em contrapartida, uma elevação proporcional nos teores de gordura e amido, inerentes aos vegetais escolhidos.

O resultado desse ajuste, no entanto, revelou-se menos eficiente: para que o organismo extraia a mesma quantidade de energia de uma dieta vegetal, precisa consumir significativamente mais oxigênio. Além disso, há uma maior produção de resíduos nitrogenados — como ureia, ácido úrico e creatinina — exigindo maior esforço dos órgãos excretores e evidenciando um possível fator de sobrecarga metabólica.

Outro fator crítico diz respeito à composição atômica das proteínas. A proteína vegetal, apesar de ser frequentemente considerada equivalente à animal nas tabelas de valor calórico, possui mais átomos de nitrogênio, o que demanda mais oxigênio para digestão e assimilação. Isso reduz sua eficiência nutricional, contrariando a suposição comum de que ambas teriam o mesmo valor bioquímico.

Na análise energética, a gordura novamente se destaca: seu poder calórico é muito superior ao dos carboidratos. A literatura científica tradicional, baseada em dados de Frankland, considera a razão de equivalência energética entre carboidrato e gordura como 1:2,5. No entanto, uma análise baseada na atomicidade revela que essa razão seria mais próxima de 1:13, favorecendo enormemente a gordura como substrato energético mais eficiente.

De fato, quando se corrige esse erro e se avalia o trabalho produzido a partir de diferentes dietas, observa-se que o regime de Porter (proteínas + gorduras) gera mais energia com menor consumo de oxigênio que o de Moleschott (mistura com carboidratos). Uma dieta vegetal, por sua vez, apesar de produzir ligeiramente mais energia, exige muito mais oxigênio e gera mais resíduos metabólicos, indicando menor eficiência geral.

A partir dessa perspectiva, a dieta exclusivamente carnívora — como a que se baseia nas tabelas VII e VIII do estudo — demonstra uma combinação quase perfeita dos chamados “princípios imediatos” (proteínas, gorduras e sais minerais), produzindo grande quantidade de energia com menor carga oxidativa e excretora. O único ponto desfavorável seria o teor de minerais, um pouco acima do necessário fisiológico, embora isso seja um padrão comum em quase todos os alimentos, exceto o leite.

A ausência de variedade na dieta carnívora é mencionada como uma limitação prática, mas considerada facilmente resolvível pela diversificação das fontes de carne. A superioridade dessa abordagem nutricional é sustentada tanto por evidências bioquímicas quanto por observações fisiológicas de animais carnívoros — que, não por acaso, demonstram força e agilidade superiores e são raramente acometidos por doenças como a tuberculose, comum entre herbívoros.

Esse corpo de evidências sugere que o consumo de carne, além de eficiente em termos energéticos, aproxima-se da definição de “alimento ideal”. Ele favorece um equilíbrio metabólico mais próximo ao fisiologicamente exigido, evita excessos de compostos não nutritivos e facilita a manutenção de uma saúde metabólica mais estável.


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