Os espartanos eram conhecidos por seu estilo de vida austero, e sua alimentação refletia essa filosofia. O foco estava em resistência e força, e não no prazer gastronômico. (1666)
Cláudio Eliano, um autor e professor romano de retórica que viveu entre c. 175 – c. 235 d.C., escreveu em sua "História Diversificada"
"A Lisandro, o espartano, que estava indo para a Jônia, alguns de seus conhecidos enviaram, entre muitos outros presentes, um boi e um bolo. Ao olhar para o bolo, ele perguntou que iguaria era aquela.
Aquele que o trouxe respondeu:
— É feito de mel, queijo e algumas outras coisas.
Então Lisandro disse:
— Dê isso aos hilotas, pois não é comida para um homem livre.
Porém, ordenou que o boi fosse sacrificado, abatido e preparado conforme o costume de seu país, e dele comeu com prazer."
"Os cozinheiros em Lacedomônio talvez não preparassem nada além de carne. Aquele que fosse hábil em qualquer outro tipo de culinária era expulso de Esparta. O filho de Polibiades, por ter se tornado excessivamente gordo e pesado devido ao luxo e à ociosidade, foi retirado da Assembleia pública e ameaçado de punição com o exílio, a menos que mudasse esse modo de vida condenável e mais jônico do que lacônico. Pois sua forma e condição corporal eram uma vergonha para Lacedomônio e para nossas leis."
"O prato de maior estima entre os espartanos era chamado melas zomos, ou 'caldo negro', um nome que há muito tempo desperta a curiosidade dos estudiosos. Os ingredientes exatos dessa iguaria nunca foram determinados com certeza. Lembramos de um antigo viajante que, ao observar o uso do café pela primeira vez no Oriente, conjecturou que este seria o caldo negro dos lacedemônios! Júlio Pólux, o preceptor do imperador Cômodo, em seu Onomasticon, afirma que esse famoso prato consistia em sangue espessado de alguma forma particular. O Dr. Lister, em suas Notas sobre Apício, supõe que fosse sangue de porco; e, se assim fosse, o prato não deveria ser muito diferente dos atuais pudins negros. Seja como for, dificilmente teria sido uma refeição atraente.
Sabe-se que um cidadão de Síbaris, ao provar essa comida, declarou que não se surpreendia mais com a coragem dos espartanos em batalha, pois qualquer pessoa em sã consciência preferiria morrer mil vezes a continuar vivendo com uma alimentação tão miserável. Plutarco relata que um rei do Ponto, ao ouvir falar desse célebre caldo, comprou um cozinheiro lacedemônio para prepará-lo. Mas, ao prová-lo, expressou seu desgosto em termos bastante fortes, ao que o cozinheiro observou: 'Senhor, para apreciar este caldo, é necessário primeiro banhar-se no Eurotas', querendo dizer que os hábitos rudes dos espartanos conferiam um sabor especial à comida que de outra forma ela não teria. O mesmo autor informa que os anciãos eram tão apaixonados pelo caldo que se sentavam de um lado para comê-lo, deixando a carne para os mais jovens."
Hoje em dia, acredita-se que melas zomos era feito de pernas de porco cozidas, sangue, sal e vinagre. Acredita-se que o vinagre era usado como um emulsificante para evitar que o sangue coagulasse durante o processo de cozimento.
Fonte: https://bit.ly/3XHpANO
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