O azeite oxidado interrompe o metabolismo lipídico e induz a inflamação intestinal e hepática

O estudo investigou os efeitos do azeite de oliva oxidado (ox-OO) na saúde intestinal e hepática, analisando como sua ingestão pode afetar o metabolismo dos lipídios e causar inflamação. O azeite de oliva é conhecido por seus benefícios à saúde devido ao alto teor de ácido oleico, mas quando aquecido ou armazenado por longos períodos, pode sofrer oxidação, levando à formação de compostos potencialmente prejudiciais.

Processo de Oxidação do Azeite

Para simular um consumo realista de azeite oxidado, os pesquisadores submeteram o azeite de oliva extra virgem ao aquecimento a 180°C por 10 minutos. Esse processo resultou na formação de produtos oxidativos, incluindo hidroperóxidos lipídicos, epóxidos e álcoois, que foram posteriormente analisados por espectroscopia de RMN (Ressonância Magnética Nuclear) para confirmar a degradação dos ácidos graxos presentes no azeite.

Metodologia

O estudo foi conduzido em camundongos fêmeas da linhagem C57BL/6J, que receberam quatro tipos de dieta durante 12 semanas:

  1. Dieta padrão (NFD) – normal, com óleo de soja como fonte lipídica.
  2. Dieta rica em gordura (HFD) – contendo banha de porco.
  3. Dieta padrão com azeite oxidado (NFD-ox-OO) – substituindo o óleo de soja pelo azeite oxidado.
  4. Dieta rica em gordura com azeite oxidado (HFD-ox-OO) – substituindo a banha de porco pelo azeite oxidado.

Os pesquisadores analisaram a inflamação por meio de testes genéticos (qRT-PCR), histologia intestinal e hepática, além da análise de microbiota intestinal por sequenciamento de RNA 16S.

Principais Descobertas

  • Inflamação Intestinal: O consumo de azeite oxidado levou a uma disfunção metabólica lipídica e aumentou a inflamação no intestino, principalmente no íleo e cólon. Houve uma redução de lipídios anti-inflamatórios e um aumento na produção de mediadores pró-inflamatórios.
  • Disfunção Mitocondrial: O azeite oxidado prejudicou a beta-oxidação mitocondrial, essencial para a quebra de ácidos graxos, o que pode ter contribuído para a inflamação e acúmulo de lipídios nas células intestinais.
  • Microbiota Intestinal: O ox-OO alterou negativamente a composição das bactérias intestinais, reduzindo microrganismos benéficos produtores de ácidos graxos de cadeia curta, como butirato, essencial para a saúde intestinal.
  • Fígado e Metabolismo de Lipídios: Os camundongos que consumiram azeite oxidado apresentaram sinais de esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado), acompanhados de inflamação leve e aumento da expressão da enzima sEH, responsável pela degradação de epóxidos lipídicos. O estudo identificou um composto inédito, o 9,10-epóxi-esteárico, derivado da oxidação do ácido oleico, que pode ser um mediador inflamatório no fígado e intestinos.


Conclusão

O estudo sugere que, embora o azeite de oliva seja saudável, sua oxidação por aquecimento pode causar efeitos prejudiciais, afetando negativamente o metabolismo lipídico, a microbiota intestinal e promovendo inflamação no intestino e fígado. Isso levanta questões sobre a prática de aquecer azeite de oliva a altas temperaturas, especialmente em dietas ricas em gorduras.

Fonte: https://bit.ly/3F5wAOh

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