Novo estudo revela o perigo oculto da carne vermelha: ferro causador de câncer
Um estudo recente tentou estabelecer uma relação entre o consumo de ferro presente na carne vermelha e o aumento do risco de câncer colorretal por meio da reativação da telomerase. No entanto, uma análise crítica revela falhas graves em sua metodologia e na interpretação dos resultados.
1. Estudos observacionais não provam causalidade
Grande parte da suposta ligação entre carne vermelha e câncer vem de estudos epidemiológicos baseados em questionários alimentares falhos. Esses estudos não conseguem estabelecer causalidade, apenas correlações fracas e inconsistentes. Metanálises bem conduzidas, como a revisão da Organização Mundial da Saúde (OMS), reconhecem que as evidências são "limitadas e de baixa qualidade". Além disso, revisões mais recentes não encontraram relação significativa quando fatores como obesidade, sedentarismo e consumo de ultraprocessados foram levados em conta. O estudo em questão também falha ao não considerar outros fatores de confusão, como genética, tabagismo e inflamação crônica, que têm impactos muito mais significativos no desenvolvimento do câncer.
Estudos revisados por pares, como a metanálise publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA) em 2019 (Link), não encontraram evidências robustas para justificar a recomendação de redução do consumo de carne vermelha para prevenção do câncer. A análise concluiu que os riscos atribuídos à carne vermelha são estatisticamente insignificantes e não justificam mudanças drásticas nas diretrizes alimentares.
2. O ferro é essencial e não um vilão
O ferro heme, encontrado na carne vermelha, é crucial para o transporte de oxigênio e a função celular. A deficiência de ferro é um problema mundial, e dietas que excluem carne tendem a levar a anemias e baixa imunidade. A hipótese de que o ferro heme causa câncer por meio da reativação da telomerase ignora estudos que mostram que essa enzima também desempenha um papel protetor contra o envelhecimento celular e doenças degenerativas. Além disso, o próprio organismo regula os níveis de ferro, dificultando que ele atinja níveis tóxicos por meio da dieta. O estudo também falha ao não fornecer evidências diretas de que o ferro da carne vermelha atinge concentrações suficientes para induzir os efeitos sugeridos.
Uma revisão sistemática publicada no Critical Reviews in Food Science and Nutrition (Link) concluiu que a carne vermelha é uma fonte fundamental de nutrientes essenciais e que não há evidências consistentes para relacioná-la diretamente ao aumento do risco de câncer colorretal quando consumida dentro de um padrão alimentar saudável.
3. Faltam evidências clínicas para a hipótese do estudo
Embora o estudo mencione a proteína Pirin como mediadora da relação entre ferro e câncer, essa teoria não foi replicada em ensaios clínicos em humanos. As conclusões são baseadas em modelos laboratoriais que não refletem a complexidade do corpo humano. Nenhum ensaio clínico randomizado demonstrou que reduzir o consumo de carne vermelha diminui o risco de câncer colorretal, enquanto estudos populacionais mostram que povos com alto consumo de carne, como os inuítes e os argentinos, não apresentam taxas desproporcionais dessa doença. Além disso, o estudo falha ao ignorar completamente a bioquímica do ferro e sua interação com antioxidantes naturais presentes na carne vermelha, como a coenzima Q10 e o zinco, que ajudam a modular o estresse oxidativo.
Um estudo de 2021 publicado no European Journal of Clinical Nutrition (Link) analisou a relação entre consumo de carne vermelha e câncer e concluiu que os dados disponíveis não sustentam uma relação causal direta. Fatores como o modo de preparo dos alimentos e a presença de outros hábitos alimentares foram apontados como mais determinantes na incidência do câncer.
4. O verdadeiro problema: ultraprocessados e estilo de vida
Estudos de maior qualidade sugerem que os verdadeiros fatores de risco para câncer colorretal são o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, sedentarismo e obesidade. A carne vermelha, quando consumida dentro de uma dieta nutritiva, não tem evidências robustas que a condenem. Pelo contrário, populações que seguem dietas ancestrais, ricas em carne e alimentos naturais, apresentam excelente saúde metabólica e baixa incidência de doenças crônicas. O estudo em questão não controlou adequadamente esses fatores, comprometendo a validade de suas conclusões.
Estudos de coorte, como o publicado no Annals of Internal Medicine (Link), mostram que a carne vermelha não é um fator de risco isolado para câncer e que o foco deveria estar em reduzir o consumo de carboidratos refinados e óleos vegetais industrializados, que promovem inflamação e doenças metabólicas.
5. Manipulação dos dados para reforçar uma narrativa anticarne
Outro problema crítico do estudo é a seleção seletiva de dados para reforçar uma narrativa preconcebida. A literatura científica contém inúmeros estudos que não encontram uma relação entre carne vermelha e câncer, mas esses estudos são frequentemente ignorados em favor de pesquisas que sugerem perigo. Além disso, o estudo não compara seus achados com dietas ricas em carboidratos refinados, que são conhecidas por promoverem resistência à insulina e inflamação crônica, fatores diretamente ligados ao câncer colorretal.
Um levantamento publicado no International Journal of Cancer (Link) mostrou que estudos que indicam uma suposta relação entre carne e câncer geralmente possuem margens de erro amplas, erros de confusão estatística e falham em considerar variáveis ambientais e genéticas. A carne vermelha faz parte da dieta humana há milhares de anos e não pode ser considerada isoladamente como um fator cancerígeno.
Conclusão: ciência fraca, medo infundado
O estudo que tenta culpar a carne vermelha pelo câncer colorretal falha em fornecer evidências convincentes. Ele se baseia em hipóteses não testadas em humanos, ignora a importância do ferro heme e utiliza argumentos epidemiológicos fracos. A verdadeira ameaça à saúde vem do excesso de açúcar, óleos vegetais processados e um estilo de vida sedentário – não da carne vermelha de qualidade.
A ciência deve ser usada para orientar escolhas alimentares, e não para promover alarmismo sem fundamento. Até que estudos clínicos randomizados comprovem essas alegações, a carne vermelha continua sendo um alimento nutritivo e essencial para a saúde humana.
Fonte: https://rebrand.ly/e13718
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