Insulina: entendendo sua ação na saúde e na doença
A Insulina: Como Funciona na Saúde e na Doença
A insulina é um hormônio essencial para a regulação do metabolismo energético. Desde sua descoberta em 1921, seu papel tem sido amplamente estudado, especialmente no contexto do diabetes. Este artigo revisa sua ação no organismo, corrigindo equívocos históricos e destacando sua real função no controle da glicose.
O Papel da Insulina no Metabolismo
A insulina é produzida pelo pâncreas e controla como o corpo gerencia os nutrientes. Durante muito tempo, acreditou-se que sua principal função era permitir que a glicose entrasse nas células, especialmente nos músculos e no fígado. No entanto, pesquisas mostram que a insulina não é essencial para a entrada da glicose nas células, mas sim para controlar a produção de glicose pelo fígado e equilibrar a disponibilidade de energia no organismo.
A glicose é uma fonte de energia de rápida utilização, utilizada sempre que está disponível no sangue. No entanto, o corpo pode recorrer a outras fontes de energia, como gorduras e ácidos graxos, que fornecem energia de forma mais eficiente a longo prazo. A insulina ajuda a organizar esse processo, evitando que o fígado produza glicose em excesso e garantindo que os nutrientes sejam usados de maneira equilibrada.
Ação Reguladora da Insulina
Edward Schafer, que nomeou a insulina, descreveu suas funções como duplas:
- Autacóide (excitadora): promove o armazenamento de glicose como glicogênio e estimula a conversão de glicose em gordura quando há excesso.
- Chalone (inibidora): impede a liberação desnecessária de glicose pelo fígado e modera a quebra de gorduras.
Estudos mostram que a função inibidora da insulina é mais importante do que sua função estimulante. O diabetes e seus sintomas surgem quando a insulina não consegue frear a produção excessiva de glicose pelo fígado, resultando em hiperglicemia.
O Que Acontece no Diabetes?
O diabetes ocorre quando há deficiência na produção de insulina (tipo 1) ou resistência à insulina (tipo 2). Em ambos os casos, o fígado continua liberando glicose mesmo quando o corpo já tem energia suficiente disponível, causando níveis elevados de açúcar no sangue.
Na ausência de insulina suficiente:
- O fígado continua produzindo glicose sem necessidade.
- A gordura armazenada é mobilizada rapidamente, liberando ácidos graxos no sangue.
- O equilíbrio metabólico é alterado, podendo levar a diversas complicações.
Ao contrário da crença comum, a glicose não "fica presa" no sangue por falta de insulina. Na verdade, as células ainda conseguem absorvê-la em quantidades adequadas quando os níveis no sangue estão elevados. O maior problema não está na captação de glicose pelas células, mas sim na falta de controle da produção hepática de glicose.
Uso da Glicose, Gordura e Proteína no Corpo
O corpo humano tem diferentes formas de obter e armazenar energia:
- Glicose: um recurso energético de curto prazo, utilizado imediatamente quando disponível. O excesso é armazenado como glicogênio ou convertido em gordura.
- Gordura: uma fonte de energia de longa duração, usada preferencialmente quando não há glicose circulante suficiente.
- Proteínas: usadas principalmente para funções estruturais, sendo pouco utilizadas como fonte de energia em condições normais.
Quando há insulina suficiente, o corpo consegue equilibrar essas fontes de energia. Sem insulina, o fígado continua liberando glicose, independentemente das necessidades do organismo, criando um excesso no sangue. Isso força o corpo a ajustar seu metabolismo, podendo gerar desequilíbrios energéticos.
A Insulina na Cirurgia e nos Cuidados Intensivos
O controle adequado da glicose no sangue é essencial para pacientes que passam por cirurgias ou estão internados. Um diabético mal controlado pode ter complicações como:
- Atraso na cicatrização de feridas cirúrgicas.
- Risco aumentado de infecções, já que níveis elevados de glicose favorecem o crescimento de microrganismos.
- Desequilíbrios de eletrólitos e desidratação, impactando a recuperação.
Pacientes com bom controle glicêmico têm melhores resultados pós-operatórios. O uso de insulina deve ser ajustado para controlar a liberação de glicose pelo fígado, e não apenas para reduzir os níveis de açúcar no sangue.
A Insulina Como Tratamento
Quando um diabético recebe insulina, o efeito mais significativo é a redução da produção de glicose pelo fígado. A insulina não age apenas promovendo a absorção de glicose pelas células, mas também equilibrando a forma como o corpo administra seus recursos energéticos.
O tratamento adequado do diabetes reduz complicações como doenças cardiovasculares, problemas renais e neuropatias, proporcionando mais qualidade de vida ao paciente.
Conclusão
Este artigo desafia a visão tradicional da insulina e esclarece que sua função mais importante não é levar glicose para dentro das células, mas regular a produção de glicose pelo fígado. No diabetes, a hiperglicemia acontece porque o fígado continua liberando glicose, mesmo quando o corpo não precisa mais dela.
A insulina organiza o uso de energia no organismo, garantindo que a glicose seja utilizada quando disponível e que os estoques de gordura e outros recursos sejam mobilizados apenas quando necessário. Compreender esse papel é essencial para um tratamento mais eficaz do diabetes e para estratégias que promovam um metabolismo equilibrado.
Fonte: https://rebrand.ly/53eda0
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