Consumo de Manteiga e Óleos de Origem Vegetal e Mortalidade


Mais um estudo tenta demonizar a manteiga e exaltar os óleos vegetais como a solução para uma vida longa e saudável. Mas será que essa narrativa se sustenta diante das evidências científicas?

Publicado no JAMA Internal Medicine, o estudo afirma que um maior consumo de manteiga estaria associado a um aumento na mortalidade, enquanto os óleos vegetais reduziriam esse risco. No entanto, ao analisarmos a metodologia e os dados, percebemos falhas graves que tornam essas conclusões questionáveis.

Primeiro, o estudo se baseia em questionários alimentares preenchidos a cada quatro anos ao longo de 33 anos, um método notoriamente impreciso. Quantas pessoas conseguem lembrar exatamente a quantidade de manteiga ou óleo que consumiram nos últimos anos? Estudos já demonstraram que esses questionários apresentam grandes margens de erro e não são confiáveis para estabelecer relações diretas entre dieta e saúde.

Além disso, o estudo analisou apenas profissionais da saúde nos EUA, um grupo muito específico, com hábitos que podem não representar a população em geral. Esse viés de seleção compromete a aplicabilidade dos resultados. Outro ponto essencial: estudos observacionais como esse não provam causalidade. Pessoas que consomem mais manteiga podem ter outros hábitos menos saudáveis, como maior ingestão de carboidratos refinados, sedentarismo ou maior consumo de alimentos ultraprocessados. Será que o problema é a manteiga ou um estilo de vida desequilibrado?

Agora, vamos falar de ciência real. Diversos estudos mostram que a manteiga pode ser parte de uma dieta saudável. Rica em ácidos graxos essenciais e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K2), ela é um alimento natural, consumido há milênios. Evidências indicam que laticínios integrais não aumentam o risco de doenças cardiovasculares e podem até reduzir o risco de diabetes tipo 2. Além disso, a manteiga contém ácido butírico, um composto com propriedades anti-inflamatórias benéficas para a saúde intestinal.

E os óleos vegetais? A ciência vem apontando há anos os riscos do consumo excessivo desses produtos ultraprocessados. Óleos como soja, milho e canola são ricos em ácidos graxos poli-insaturados ômega-6, que, em excesso, podem levar a um desequilíbrio inflamatório no organismo. Estudos já associaram esse desequilíbrio a um maior risco de obesidade, resistência à insulina e doenças cardiovasculares. Além disso, quando esses óleos são aquecidos, podem gerar aldeídos e outros compostos tóxicos ligados a danos celulares e doenças neurodegenerativas.

Curiosamente, o estudo do JAMA trata os óleos vegetais como um grupo homogêneo, ignorando o fato de que óleos como soja e milho são altamente processados e passam por refinamento químico, enquanto azeite de oliva extra virgem, por exemplo, tem um perfil nutricional muito diferente. Essa simplificação distorce os resultados e favorece uma narrativa que promove o consumo de óleos industriais no lugar de gorduras naturais e tradicionais.

Antes de aceitar qualquer estudo como verdade absoluta, é preciso questionar quem se beneficia dessas recomendações. A indústria de óleos vegetais refinados movimenta bilhões de dólares anualmente e tem interesse direto em desviar a atenção dos riscos associados ao seu consumo. A manteiga, por outro lado, é um alimento simples, sem necessidade de processamento industrial e que faz parte da dieta humana há séculos.

No fim das contas, a questão não é apenas "manteiga ou óleo vegetal?", mas sim a qualidade dos alimentos que colocamos no prato. Evite ultraprocessados, valorize alimentos naturais e questione narrativas que vão contra a lógica evolutiva e a boa ciência nutricional.

Fonte: https://rebrand.ly/dd0e6a

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