Experiências com a dieta Pennington no tratamento da obesidade (1961)


No início dos anos 1960, o Dr. Wilfred Leith decidiu explorar uma abordagem inovadora: a Dieta Pennington. Essa dieta contrariava a ideia convencional de que a única forma de emagrecer era reduzir calorias. Em vez disso, propunha que as pessoas comessem quantidades ilimitadas de gorduras e proteínas, desde que reduzissem drasticamente os carboidratos para menos de 50 gramas por dia.

Com essa proposta em mente, o Dr. Leith reuniu 48 pacientes obesos que já haviam tentado outras dietas sem sucesso. Alguns deles haviam usado medicamentos para suprimir o apetite, outros tentaram acompanhamento psicológico ou simplesmente restringiram calorias, mas nada parecia funcionar a longo prazo. Eles estavam dispostos a tentar algo diferente.

No começo, muitos estranharam a ideia de uma dieta onde se podia comer bacon, carne e manteiga sem restrições, desde que carboidratos como pão, massas e doces fossem praticamente eliminados. Aos poucos, porém, aqueles que persistiram perceberam algo curioso: não sentiam fome. Diferente das dietas tradicionais, que exigiam grande disciplina para suportar a sensação de privação, essa nova abordagem permitia que os participantes comessem até se sentirem satisfeitos.

Com o passar dos meses, os resultados começaram a aparecer. 28 pacientes conseguiram perder peso significativamente, com uma média de 700 gramas por semana. Nove deles atingiram o peso ideal, algo que jamais haviam conseguido antes. Porém, nem todos tiveram a mesma experiência. Doze participantes não perderam peso, mesmo afirmando seguir a dieta à risca. E para oito deles, o desafio foi grande demais – a monotonia alimentar, a constipação e a falta de doces os levaram a abandonar o estudo rapidamente.

Entre os que perseveraram, o efeito foi surpreendente. Além do emagrecimento, notaram que não sentiam mais aquela fome incontrolável que os fazia desistir de outras dietas. O Dr. Leith também observou algo interessante: mesmo consumindo um número relativamente alto de calorias, os pacientes conseguiam perder peso. Isso reforçava a teoria de Pennington de que a obesidade poderia estar relacionada ao metabolismo dos carboidratos, e não apenas à quantidade de calorias ingeridas.

Ao final do estudo, ficou claro que a Dieta Pennington poderia ser uma alternativa eficaz para a perda de peso, mas não era para todos. Enquanto alguns se adaptaram bem e conseguiram manter a perda de peso ao longo de dois anos, outros não suportaram as restrições e voltaram aos antigos hábitos. Ainda assim, a pesquisa levantou novas questões sobre como o corpo processa diferentes tipos de alimentos e abriu caminho para novos estudos sobre dietas baixas em carboidrato – uma abordagem que, décadas depois, ainda despertaria grande interesse.

Fonte: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC1848046/

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