Educação nutricional em currículos médicos e prática clínica: uma revisão de escopo sobre o déficit de conhecimento entre estudantes de medicina e médicos
A nutrição desempenha um papel fundamental na prevenção e no controle de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade. No entanto, médicos e estudantes de medicina recebem pouca educação formal sobre o tema, o que compromete sua capacidade de orientar pacientes sobre alimentação saudável. Este estudo revisou a literatura sobre a educação nutricional nos currículos médicos e na prática clínica para entender por que essa deficiência ocorre e quais soluções podem ser implementadas.
Foram identificados quatro fatores principais que contribuem para essa lacuna no conhecimento: falta de tempo no currículo médico, escassez de professores especializados e recursos financeiros, percepções errôneas e falta de confiança dos médicos sobre nutrição, além de dificuldades na prática clínica, incluindo o estigma em discutir hábitos alimentares e a baixa prioridade dada à nutrição no atendimento médico. Muitos médicos e estudantes consideram a nutrição menos relevante do que outras disciplinas, e essa visão impacta sua motivação para aprender e aplicar conhecimentos na prática.
A pesquisa revelou que a carga horária dedicada à nutrição nos cursos de medicina é mínima ou inexistente em muitos países de língua inglesa. Nos Estados Unidos, 75% das faculdades de medicina não possuem aulas obrigatórias sobre nutrição, enquanto no Reino Unido, a média de ensino sobre o tema é inferior a duas horas durante todo o curso. Além disso, não há diretrizes padronizadas que garantam um ensino consistente, e a falta de formação continuada para médicos agrava ainda mais o problema. O ambiente clínico também não favorece a implementação da educação nutricional: as consultas são curtas, os médicos não recebem incentivos financeiros para oferecer aconselhamento nutricional e muitos não sabem quando encaminhar um paciente a um nutricionista ou dietista.
Para enfrentar esse problema, o estudo propõe diversas soluções. Entre elas, estão mudanças no currículo médico, incluindo a introdução da nutrição como um componente obrigatório nas avaliações, a adoção de um modelo de ensino contínuo e integrado ao longo da formação médica e a realização de atividades práticas, como workshops culinários. Além disso, recomenda-se a criação de diretrizes nacionais padronizadas para garantir que todos os futuros médicos tenham uma base sólida em nutrição. No ambiente clínico, é necessário reservar mais tempo e recursos para consultas nutricionais, além de estimular a colaboração multidisciplinar entre médicos, nutricionistas e outros profissionais da saúde.
A implementação dessas mudanças pode melhorar a qualidade do atendimento médico, tornando os profissionais mais preparados para aconselhar pacientes sobre nutrição e, assim, contribuir para a prevenção de doenças crônicas. Com um ensino nutricional mais estruturado e prático, espera-se que médicos tenham maior confiança para abordar o tema e incentivar hábitos alimentares mais saudáveis, beneficiando não apenas os pacientes, mas também a saúde pública como um todo.
Fonte: https://bit.ly/3QTfLbP
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