Restrição severa de fluidos por 24 horas aumenta um biomarcador de lesão renal em homens saudáveis
Um estudo publicado no European Journal of Applied Physiology investigou como a restrição severa de líquidos por 24 horas afeta a função renal e a regulação da glicose em homens saudáveis. A hidratação adequada é essencial para manter o equilíbrio do organismo, e a hipohidratação – a redução do nível ideal de líquidos no corpo – pode impactar diversas funções fisiológicas, incluindo a saúde dos rins. Apesar de já se saber que a desidratação causada pelo exercício físico intenso pode aumentar biomarcadores de dano renal, os efeitos da restrição hídrica isolada ainda não estavam totalmente esclarecidos. Esse estudo buscou preencher essa lacuna.
Os pesquisadores recrutaram 15 homens saudáveis, com idade média de 27 anos e índice de massa corporal dentro da faixa normal. Cada participante passou por dois experimentos controlados: em um, ingeriram a quantidade ideal de água para manter a hidratação (euhidratação), enquanto no outro, tiveram a ingestão severamente reduzida a apenas 100 mL durante todo o dia (hipohidratação). Ambos os grupos seguiram uma dieta padronizada, com pouca quantidade de água nos alimentos para evitar interferências nos resultados. Foram realizadas coletas de sangue e urina em diferentes momentos para medir biomarcadores de função renal e glicêmica.
Os resultados revelaram que, após 24 horas de restrição hídrica, os participantes apresentaram um aumento significativo nos níveis de um biomarcador chamado KIM-1 (Kidney Injury Molecule-1), que está associado a lesões nos túbulos renais proximais. Esse achado sugere que a privação severa de líquidos pode prejudicar os rins, independentemente da prática de exercícios físicos ou exposição ao calor. Além disso, os voluntários relataram maior sensação de sede e tiveram aumento na concentração da urina, indicando que o corpo tentava conservar água ao máximo.
Por outro lado, a restrição de líquidos não afetou a regulação da glicose no sangue. A resposta glicêmica após um teste oral de tolerância à glicose foi semelhante nos dois grupos, sugerindo que a hipohidratação leve ou moderada não compromete o metabolismo da glicose em indivíduos saudáveis. Esse resultado contrasta com estudos anteriores que sugeriam uma relação entre desidratação e risco aumentado de diabetes, mas reforça a ideia de que essa associação pode depender de outros fatores, como duração da restrição hídrica e presença de doenças metabólicas.
Os pesquisadores destacam que, embora os marcadores de dano renal tenham aumentado após apenas 24 horas de restrição de líquidos, ainda não se sabe quais seriam os impactos dessa prática a longo prazo. Esse achado é especialmente relevante para indivíduos que, por hábito ou necessidade, ingerem pouca água diariamente, como trabalhadores em ambientes quentes, idosos com menor percepção de sede e atletas que restringem líquidos para perda rápida de peso. Estudos futuros são necessários para entender melhor os efeitos prolongados da hipohidratação e estabelecer diretrizes mais precisas para a manutenção da saúde renal.
Com esses resultados, o estudo reforça a importância da hidratação adequada e sugere que, mesmo em curto prazo, a restrição severa de líquidos pode ser prejudicial à saúde dos rins. Além disso, os pesquisadores recomendam mais investigações sobre a relação entre hidratação, função renal e metabolismo da glicose, especialmente em populações vulneráveis.
Fonte: https://bit.ly/4kGJHpe
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