Resistência a reações sintomáticas à insulina após jejum
O estudo analisado investigou como o cérebro humano se adapta ao jejum prolongado e como essa adaptação pode protegê-lo contra reações hipoglicêmicas graves induzidas pela insulina. O experimento envolveu nove indivíduos obesos submetidos a testes de tolerância à insulina antes e depois de um jejum de dois meses. Antes do jejum, esses indivíduos apresentavam sintomas típicos de hipoglicemia, como sudorese, nervosismo, aumento da pressão arterial e confusão mental após a administração de insulina. No entanto, após o período de jejum, mesmo com quedas significativas nos níveis de glicose no sangue, eles não demonstraram sinais de hipoglicemia.
Os pesquisadores descobriram que, durante o jejum prolongado, o cérebro aumenta sua capacidade de utilizar corpos cetônicos, como o β-hidroxibutirato, como uma fonte de energia alternativa à glicose. Essa adaptação foi confirmada pela crescente diferença na concentração desse metabólito entre o sangue arterial e o sangue venoso cerebral, indicando maior captação de corpos cetônicos pelo cérebro. Além disso, a excreção de catecolaminas (hormônios relacionados à resposta ao estresse hipoglicêmico) não aumentou significativamente após o jejum, diferentemente do que ocorreu antes. Esses resultados sugerem que o jejum induz uma mudança metabólica que permite ao cérebro operar eficientemente mesmo quando os níveis de glicose caem drasticamente.
Durante o estudo, os pesquisadores também observaram que os níveis de ácidos graxos livres e β-hidroxibutirato no sangue estavam elevados após o jejum, demonstrando que o organismo estava mobilizando gordura para produzir energia. Curiosamente, a resposta à insulina sobre a quebra de gordura permaneceu intacta, o que sugere que a sensibilidade do metabolismo lipídico à insulina foi preservada, mesmo com a prolongada privação de alimentos.
Os achados desse estudo têm implicações médicas importantes. A capacidade do cérebro de se adaptar ao uso de corpos cetônicos pode ser relevante para pessoas que sofrem de hipoglicemia recorrente, como alguns diabéticos. Além disso, essa adaptação pode estar relacionada aos efeitos positivos das dietas cetogênicas no tratamento da epilepsia, uma vez que a substituição da glicose por corpos cetônicos pode reduzir a vulnerabilidade do cérebro a estímulos hiperexcitáveis. Essas descobertas reforçam a ideia de que a cetoadaptação pode ter um papel fundamental na manutenção da função cerebral em condições de baixa disponibilidade de glicose.
Fonte: https://bit.ly/3WZwzl9
Nenhum comentário: