O impacto das dietas veganas e vegetarianas na cicatrização de feridas: uma revisão de escopo

O estudo analisou os efeitos das dietas veganas e vegetarianas na cicatrização de feridas, comparando esses grupos com indivíduos que seguem uma dieta onívora. Foram avaliadas oito pesquisas que abordaram diferentes tipos de procedimentos médicos, incluindo cirurgias a laser, biópsias, enxertos de pele e tratamentos dermatológicos. Em 87,5% dos estudos, os resultados indicaram que a cicatrização foi inferior nos pacientes veganos e vegetarianos, sugerindo que essas dietas podem prejudicar a recuperação de ferimentos e cirurgias.

As principais deficiências nutricionais associadas ao comprometimento da cicatrização foram a falta de proteína, ferro, vitamina B12 e vitamina D. A deficiência proteica pode dificultar a produção de colágeno, um componente essencial na regeneração dos tecidos. Sem colágeno suficiente, o processo de cicatrização pode ser mais lento e menos eficiente. A vitamina B12, presente quase exclusivamente em alimentos de origem animal, é fundamental para a formação de novos vasos sanguíneos no local da ferida. A baixa ingestão de ferro, um problema comum entre veganos, compromete a função dos macrófagos e neutrófilos, células essenciais para a resposta inflamatória e o reparo tecidual. Além disso, a vitamina D, cuja deficiência foi registrada em veganos nos estudos analisados, desempenha um papel crítico na ativação de células envolvidas na regeneração da pele.

Outro fator preocupante identificado foi o possível enfraquecimento do sistema imunológico em pessoas que seguem dietas veganas e vegetarianas. Evidências sugerem que esses indivíduos podem apresentar menor quantidade de leucócitos, monócitos e plaquetas, elementos essenciais para a resposta inflamatória e a proteção contra infecções durante a cicatrização. Pacientes veganos também demonstraram uma maior propensão a desenvolver inflamações prolongadas, o que pode retardar o fechamento das feridas e aumentar o risco de complicações pós-operatórias.

Embora um dos estudos tenha analisado vegetarianos que consumiam laticínios e ovos, a maioria das pesquisas focou em dietas veganas estritas. Curiosamente, o único estudo que não encontrou uma diferença estatisticamente significativa na cicatrização comparou vegetarianos a onívoros, o que levanta questões sobre os impactos específicos da eliminação total de produtos de origem animal na regeneração tecidual.

Apesar das evidências apontarem para desvantagens significativas na cicatrização de feridas em veganos e vegetarianos, os pesquisadores destacam que a maioria dos estudos tinha um número reduzido de participantes e não diferenciava entre indivíduos com dietas bem planejadas e aqueles com déficits nutricionais. No entanto, a tendência observada nos dados sugere que a adesão a dietas estritamente vegetais pode resultar em cicatrização mais lenta, maior risco de infecção e pior qualidade estética das cicatrizes. Diante disso, recomenda-se que indivíduos que seguem dietas baseadas em plantas recebam orientação nutricional adequada, especialmente em contextos pré e pós-operatórios, para minimizar os riscos associados à deficiência de nutrientes essenciais para a cicatrização. Estudos futuros são necessários para aprofundar a compreensão dos impactos dessas dietas e para desenvolver estratégias nutricionais que possam melhorar os resultados de recuperação de feridas em pacientes veganos e vegetarianos.

Fonte: https://bit.ly/4hsX4Yr

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