Níveis de colesterol sérico em seres humanos alimentados com gema e colesterol (1950)

O estudo analisado investigou a relação entre o consumo de gema de ovo e colesterol puro e seus efeitos nos níveis de colesterol no sangue. O objetivo era entender se ingerir alimentos ricos em colesterol realmente impacta a saúde cardiovascular, um tema que há muito tempo gera discussões na área da nutrição. Para isso, os pesquisadores acompanharam 15 homens e 4 mulheres, com idades entre 46 e 69 anos, muitos deles já diagnosticados com arteriosclerose.

Os participantes seguiram uma dieta hospitalar controlada e receberam suplementos de gema de ovo em pó ou colesterol puro. O que se descobriu foi que o simples consumo de colesterol isolado não elevou significativamente os níveis de colesterol no sangue. Isso sugere que o colesterol presente nos alimentos pode não ser o principal fator determinante para o colesterol sérico (aquele presente no sangue).

Uma das fases do estudo avaliou o impacto do colesterol puro na dieta. Para isso, um grupo de participantes ingeriu 30g de colesterol cristalino por 29 dias. Essa quantidade é muito maior do que a maioria das pessoas consome normalmente, mas, surpreendentemente, os pesquisadores não observaram mudanças relevantes nos níveis de colesterol no sangue. Isso indica que o organismo humano possui mecanismos naturais que regulam a quantidade de colesterol circulante, independentemente da quantidade ingerida pela alimentação.

Por outro lado, quando os participantes consumiram gema de ovo em pó misturada ao leite, houve um pequeno aumento nos níveis de colesterol sérico. No entanto, os pesquisadores sugerem que esse aumento pode não estar diretamente ligado ao colesterol da gema, mas sim a alguma outra substância presente nela, ainda desconhecida, que poderia influenciar o metabolismo do colesterol. Essa observação reforça a ideia de que não basta apenas medir a quantidade de colesterol nos alimentos para prever seus efeitos no corpo.

O corpo humano produz a maior parte do colesterol de que precisa, e essa produção é ajustada conforme a demanda. Quando há uma maior ingestão de colesterol na dieta, o fígado reduz sua própria produção, equilibrando os níveis no organismo. Esse é um dos principais motivos pelos quais o colesterol dos alimentos tem um impacto reduzido no colesterol sérico.

Os achados deste estudo contribuem para uma compreensão mais profunda da relação entre alimentação e saúde cardiovascular. Ele sugere que evitar alimentos ricos em colesterol pode não ser a estratégia mais eficaz para controlar os níveis de colesterol no sangue. Em vez disso, fatores como o equilíbrio geral da dieta, o consumo de gorduras saudáveis, a prática regular de atividades físicas e a manutenção de um estilo de vida saudável parecem ser muito mais relevantes para a prevenção de problemas cardíacos.

Com base nesses resultados, as diretrizes alimentares podem precisar de ajustes para refletir melhor a real influência do colesterol dietético sobre a saúde. Durante muito tempo, ovos e outros alimentos ricos em colesterol foram considerados vilões, mas estudos como este indicam que essa visão pode ser simplista demais. Ao invés de evitar o colesterol a qualquer custo, o foco deve estar em padrões alimentares equilibrados e saudáveis como um todo.

Fonte: https://bit.ly/4k52WZh

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