Jejum como terapia adjuvante para câncer: mecanismo de ação e prática clínica

O estudo explora o jejum como uma estratégia complementar no tratamento do câncer, analisando seus mecanismos e aplicações clínicas. As células cancerígenas apresentam metabolismo alterado, com maior dependência de glicose e dificuldade em responder a restrições energéticas. O jejum e dietas que imitam o jejum podem modificar os níveis de glicose, insulina e hormônios no sangue, tornando o ambiente menos favorável para o crescimento do tumor e aumentando a morte das células cancerosas.

Os pesquisadores explicam que, ao contrário das células normais, que ativam mecanismos de proteção diante da escassez de nutrientes, as células tumorais são menos capazes de se adaptar e, por isso, ficam mais vulneráveis ao estresse causado pelo jejum. Além disso, o jejum ativa a autofagia, um processo no qual as células eliminam componentes defeituosos, removendo substâncias que poderiam favorecer a proliferação tumoral.

Quatro tipos principais de jejum foram analisados: restrição calórica contínua (redução de 20-40% da ingestão diária de calorias), jejum intermitente (com períodos de ingestão normal alternados com períodos sem ingestão calórica), alimentação com tempo restrito (limitação da alimentação a uma janela de horas por dia) e dietas que imitam o jejum (dieta com restrição calórica e composição nutricional específica para simular os efeitos do jejum). Essas abordagens mostraram potencial para reduzir inflamações, melhorar o equilíbrio metabólico e aumentar a eficácia do tratamento contra o câncer.

O estudo também destaca que o jejum pode proteger as células normais dos danos causados pela quimioterapia e radioterapia, ao mesmo tempo em que aumenta a sensibilidade das células cancerosas a esses tratamentos. Em alguns casos, a combinação do jejum com quimioterapia resultou em maior infiltração de células do sistema imunológico no tumor, potencializando a resposta do organismo contra a doença.

Apesar dos benefícios observados, os pesquisadores ressaltam que o jejum não deve ser adotado indiscriminadamente. Seu impacto pode variar de acordo com o tipo de câncer, o estado nutricional do paciente e outros fatores individuais. Além disso, a prática pode ser contraindicada para alguns grupos, como idosos frágeis, pessoas desnutridas e pacientes que já apresentam perda severa de peso.

O estudo conclui que o jejum é uma estratégia promissora para melhorar o tratamento do câncer, reduzindo os efeitos colaterais da terapia e potencializando sua eficácia. No entanto, mais pesquisas são necessárias para compreender plenamente seus efeitos e estabelecer diretrizes seguras para sua aplicação na prática clínica. O acompanhamento médico é essencial para avaliar a viabilidade do jejum como terapia complementar, garantindo que seja implementado de forma segura e benéfica para cada paciente.

Fonte: https://bit.ly/3UKfsmb

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