Hora de revisitar a hipótese do consumo passivo excessivo? Humanos mostram sensibilidade a calorias em refeições ricas em energia


O artigo publicado no American Journal of Clinical Nutrition, questiona a ideia de que os humanos consomem passivamente calorias em excesso sem perceber. Tradicionalmente, acreditava-se que a densidade energética dos alimentos (quantidade de calorias por grama) não influenciava diretamente o quanto as pessoas comem, levando à chamada hipótese do consumo passivo excessivo. No entanto, os autores sugerem que os humanos são, na verdade, sensíveis ao conteúdo energético dos alimentos e ajustam o tamanho das refeições para evitar excessos calóricos.

Objetivo e Método

Os pesquisadores analisaram dois conjuntos de dados:

  1. Estudo controlado por Hall et al. – Dados de 1.519 refeições consumidas por participantes em um ambiente altamente controlado, onde foram oferecidos alimentos ultraprocessados e minimamente processados.
  2. Banco de dados da Pesquisa Nacional de Dieta e Nutrição do Reino Unido (NDNS) – Dados de mais de 32 mil refeições consumidas por pessoas vivendo em condições normais.

Os pesquisadores verificaram se a relação entre densidade energética e consumo calórico era linear (ou seja, se comer alimentos mais calóricos sempre levava ao consumo de mais calorias) ou se havia um padrão diferente.

Resultados

Os resultados mostraram que a relação entre densidade energética e ingestão calórica não é linear:

  • Quando os alimentos são pouco calóricos, as pessoas tendem a comer por volume (ou seja, comem uma quantidade fixa de comida, independentemente das calorias).
  • Quando os alimentos são muito calóricos, as pessoas reduzem o tamanho da refeição, compensando parcialmente a ingestão de calorias.
  • Em ambos os conjuntos de dados, houve um ponto de inflexão na densidade energética em que o consumo de calorias começou a diminuir.


Conclusões

Esses achados desafiam a ideia de que as pessoas não percebem a densidade energética dos alimentos e apenas comem até se sentirem fisicamente cheias. Em vez disso, os humanos parecem ajustar seu consumo com base tanto no volume (quando os alimentos são pouco calóricos) quanto no conteúdo energético (quando os alimentos são muito calóricos). Os autores propõem um modelo de dois componentes, onde o volume do alimento e a densidade calórica afetam a quantidade consumida de forma diferente.

Implicações

  1. Dieta e controle de peso – Estratégias para controle de peso podem se beneficiar ao considerar como diferentes tipos de alimentos influenciam o consumo de calorias.
  2. Políticas alimentares – Regulamentações sobre o tamanho das porções em restaurantes e a composição nutricional dos alimentos podem ajudar a reduzir o consumo excessivo de calorias.
  3. Estudos futuros – Mais pesquisas são necessárias para entender como variações individuais, hábitos alimentares e fatores ambientais influenciam essa compensação alimentar.

Em resumo, esse estudo sugere que as pessoas ajustam o tamanho das refeições com base na densidade calórica dos alimentos, o que desafia a ideia tradicional de consumo passivo de calorias e oferece novas perspectivas para o controle da obesidade.

Fonte: https://bit.ly/42JlFDI

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