Aplicação bem-sucedida da terapia metabólica cetogênica dietética em pacientes com glioblastoma: um estudo clínico
O glioblastoma multiforme (GBM) é um dos tumores cerebrais mais agressivos e de difícil tratamento. Mesmo com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, a sobrevida média dos pacientes geralmente varia entre 12 e 18 meses, com menos de 10% sobrevivendo além de cinco anos. Diante desse cenário desafiador, os pesquisadores decidiram testar uma abordagem alternativa: a dieta cetogênica, que reduz o consumo de carboidratos e aumenta a ingestão de gorduras para induzir a produção de corpos cetônicos, que podem servir como fonte de energia para células saudáveis, mas não são bem aproveitados por células cancerígenas.
O Estudo
Entre 2016 e 2021, 18 pacientes com GBM, com idades entre 34 e 75 anos, participaram de um estudo para avaliar os efeitos da dieta cetogênica na progressão do tumor. O objetivo era verificar se os pacientes que mantivessem a dieta por pelo menos seis meses teriam uma sobrevida maior que três anos.
Os resultados mostraram que seis pacientes conseguiram seguir a dieta por mais de seis meses. Entre eles:
- Um faleceu após 43 meses de diagnóstico.
- Outro faleceu aos 36 meses.
- Um paciente ainda está vivo aos 33 meses, mas não atingiu o marco de três anos.
- Os demais três permanecem vivos após 84, 43 e 44 meses, respectivamente.
Dessa forma, a taxa de sobrevivência entre os que seguiram a dieta foi de 66,7%, enquanto entre os 12 pacientes que não aderiram à dieta, apenas um sobreviveu por três anos, resultando em uma taxa de sobrevivência de 8,3%. A diferença foi considerada estatisticamente significativa.
O Que Isso Significa?
Os dados indicam que a dieta cetogênica pode ser uma ferramenta promissora para prolongar a vida de pacientes com GBM. A hipótese por trás desse efeito é que as células do tumor dependem fortemente da glicose (açúcar) para crescer e se multiplicar. Como a dieta cetogênica reduz drasticamente a oferta de glicose e força o organismo a usar corpos cetônicos como fonte de energia, isso pode enfraquecer as células tumorais sem afetar as células saudáveis do cérebro, que conseguem usar os cetônicos normalmente.
Além disso, os pacientes que mantiveram a dieta durante o tratamento com quimioterapia e corticoides não apresentaram os picos elevados de glicose no sangue normalmente observados durante esses tratamentos. Isso sugere que a dieta pode ajudar a evitar a desregulação metabólica que favorece o crescimento tumoral.
Desafios e Considerações
Apesar dos resultados promissores, o estudo também revelou dificuldades na adesão à dieta. Muitos pacientes desistiram por conta das restrições alimentares, falta de apoio familiar ou financeiro e ceticismo sobre os benefícios da abordagem. Além disso, a amostra do estudo foi pequena, o que significa que mais pesquisas são necessárias para confirmar os achados em uma população maior.
Outro ponto importante é que a dieta cetogênica não substitui os tratamentos convencionais, mas pode ser usada como um complemento. O acompanhamento médico e nutricional é essencial para garantir que o paciente receba todos os nutrientes necessários e consiga manter a dieta de forma segura.
Conclusão
O estudo sugere que a dieta cetogênica pode ser um recurso adicional valioso no tratamento do glioblastoma, ajudando a aumentar a sobrevida dos pacientes. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender melhor seus efeitos e para desenvolver estratégias que facilitem sua adesão a longo prazo.
Fonte: https://bit.ly/4166j9H
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