Uma relação positiva entre a ingestão de cafeína e a endometriose: um estudo transversal da Pesquisa Nacional de Exame de Saúde e Nutrição 1999–2006

A relação entre cafeína e endometriose tem gerado interesse, mas os resultados são inconsistentes. Este estudo analisou dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) de 1999 a 2006 para investigar essa associação.

Objetivo e Métodos: O estudo incluiu 248 mulheres com endometriose e 2944 sem, com idades entre 20 e 50 anos. O consumo de cafeína foi avaliado por um diário alimentar de 24 horas, enquanto a endometriose foi identificada por autorrelato. Modelos de regressão logística ajustados para fatores como idade, índice de massa corporal e hábitos de vida foram usados para analisar a relação. Além disso, curvas não lineares foram avaliadas para identificar possíveis limiares de consumo.

Resultados: Foi encontrada uma relação em formato de “U” entre a ingestão de cafeína e a endometriose. Tanto o consumo alto quanto o baixo foram associados a um maior risco, sendo o menor índice de incidência observado em 170,25 mg de cafeína por dia. Mesmo após ajustes, a associação permaneceu significativa. Por exemplo, o consumo elevado apresentou um aumento de 65% no risco, enquanto o consumo muito baixo também aumentou as chances.

Discussão e Conclusões: Os resultados sugerem que há um nível ideal de ingestão de cafeína para minimizar o risco de endometriose, mas os mecanismos exatos permanecem incertos. Evidências apontam que a cafeína pode influenciar processos inflamatórios e hormonais, fatores críticos na endometriose, que é uma doença inflamatória sistêmica. Apesar disso, a pesquisa encontrou limitações, como o uso de dados autorrelatados e o desenho transversal, que não permite inferir causalidade.

Além disso, o estudo é restrito a dados de 1999-2006, sem considerar mudanças recentes no consumo de cafeína, como o aumento de bebidas energéticas. Isso reforça a necessidade de pesquisas mais atualizadas e aprofundadas.

Implicações: Embora promissores, os achados ainda são iniciais. Pesquisas futuras devem explorar os mecanismos biológicos entre cafeína e endometriose, avaliar diferenças entre os estágios da doença e considerar fatores dietéticos associados. Isso poderá orientar diretrizes alimentares específicas para mulheres com endometriose, promovendo melhores resultados em saúde.

Fonte: https://bit.ly/3DwZNRh