Uma dieta muito baixa de carboidratos, perfil metabólico melhorado em lipodistrofia generalizada congênita tipo 4
Uma jovem de 17 anos, moradora de uma área rural na Índia, sofria há anos com diabetes severa e níveis altíssimos de triglicerídeos, mesmo utilizando doses elevadas de insulina e medicamentos para controle do metabolismo. Além disso, apresentava episódios frequentes de pancreatite aguda, uma condição perigosa causada pelo acúmulo de gordura no sangue, levando a inflamação grave do pâncreas. Seu histórico incluía hospitalizações e dificuldade no controle dos sintomas, apesar do tratamento intensivo.
Fisicamente, a paciente apresentava sinais característicos de lipodistrofia, como a pele escurecida em certas áreas do corpo (acantose nigricans), ausência de gordura subcutânea, deixando suas veias extremamente visíveis, e um índice de massa corporal (IMC) muito baixo. Esses sinais indicavam que algo mais sério estava acontecendo.
Após exames genéticos detalhados, os médicos diagnosticaram a jovem com lipodistrofia generalizada congênita tipo 4 (CGL4), uma condição genética rara causada por uma mutação no gene CAVIN1. Essa doença impede que o corpo armazene gordura de maneira adequada, levando a uma distribuição anormal dos lipídios. Como resultado, a gordura que deveria ser armazenada no tecido adiposo acaba se acumulando no fígado e no sangue, causando hiperglicemia extrema, resistência severa à insulina e triglicerídeos elevados, aumentando o risco de complicações como doenças hepáticas e pancreatite.
Mesmo com doses elevadas de insulina, metformina, pioglitazona e fenofibrato, os níveis de açúcar no sangue e triglicerídeos continuavam descontrolados. Ao analisar sua dieta, os médicos perceberam que 70% das calorias diárias vinham de carboidratos, algo comum na alimentação da população local. Como estratégia alternativa, decidiram mudar radicalmente sua alimentação, reduzindo a ingestão de carboidratos para 30% das calorias diárias e aumentando a proporção de proteínas e gorduras saudáveis.
O resultado foi impressionante: em apenas uma semana, seus níveis de açúcar no sangue se normalizaram, a necessidade de insulina foi reduzida pela metade e os triglicerídeos, que estavam extremamente elevados em 1.100 mg/dL, caíram para 600 mg/dL. Essa melhora rápida demonstrou o impacto direto da alimentação na saúde da paciente e na sua resposta ao tratamento.
O caso reforça a importância de ajustes dietéticos no controle de doenças metabólicas raras, especialmente na lipodistrofia. Para pacientes que enfrentam resistência extrema à insulina e dificuldades no controle do açúcar no sangue, reduzir carboidratos pode ser uma estratégia eficaz e complementar ao uso de medicamentos, proporcionando um melhor prognóstico e qualidade de vida.
Fonte: https://bit.ly/4gmxN0o
Nenhum comentário: