Taxas muito altas de ingestão de carboidratos exógenos (>90 g/h) são suficientes ou mesmo necessárias para correr uma maratona de menos de 2 horas?
Um estudo recente publicado na revista Frontiers in Nutrition analisa a necessidade de altas taxas de ingestão de carboidratos para corredores que buscam completar uma maratona em menos de duas horas. Os autores, Timothy Noakes e Philip Prins, questionam se a ingestão de mais de 90 gramas de carboidratos por hora é realmente suficiente ou necessária para alcançar esse objetivo.
O modelo criado por Lukasiewicz e colegas sugere que corredores devem oxidar carboidratos ingeridos a taxas específicas — 93 gramas por hora para homens e 108 gramas por hora para mulheres — para manter a velocidade necessária de 21,1 km/h durante a corrida. No entanto, os autores do novo estudo argumentam que essa premissa pode ser exagerada. Eles destacam que, uma vez que as reservas de glicogênio muscular caem abaixo de 32%, a energia deve vir quase exclusivamente da oxidação de carboidratos ingeridos, com uma pequena contribuição do glicogênio hepático.
Os pesquisadores também questionam a suposição de que apenas 68% dos músculos da parte inferior do corpo são ativados durante a corrida em alta intensidade. Eles sugerem que essa estimativa pode não ser realista para atletas de elite, que podem recrutar uma maior proporção de fibras musculares. Além disso, o estudo aponta que a taxa de oxidação de gordura durante exercícios intensos pode ser maior do que o modelo original sugere, o que poderia reduzir a dependência da oxidação de carboidratos.
Outro ponto importante levantado é que a ingestão excessiva de carboidratos durante a corrida pode não ser tão eficiente quanto se pensava. Estudos anteriores mostraram que uma quantidade significativa dos carboidratos ingeridos não é oxidada, o que indica que o modelo pode superestimar as quantidades necessárias. Os autores concluem que, em vez de depender exclusivamente da metabolização dos carboidratos, uma contribuição razoável da oxidação de gordura pode permitir que alguns atletas completem a maratona em menos de duas horas, mesmo com ingestão mínima ou nula de carboidratos durante a corrida.
Essas descobertas têm implicações significativas para o treinamento e nutrição de corredores, sugerindo que estratégias mais flexíveis e individualizadas podem ser mais eficazes do que seguir rigidamente as recomendações atuais sobre ingestão de carboidratos durante corridas longas.
Fonte: https://bit.ly/4fZ9iWQ
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