O impacto climático e o uso da terra da carne cultivada: avaliando a produção de matéria-prima agrícola
O estudo analisa os impactos climáticos e o uso da terra na produção de carne cultivada (CC) com base em matérias-primas agrícolas, utilizando um modelo de programação linear em 100 hectares no sul da Alemanha. Apesar do entusiasmo em torno da CC como uma alternativa sustentável à carne tradicional, a pesquisa evidencia diversos desafios e limitações significativos.
Primeiramente, a eficiência no uso da terra pela CC mostrou-se apenas ligeiramente melhor, e em alguns casos equivalente, à da produção tradicional de carne suína. Isso se deve, principalmente, à dependência da CC de culturas agrícolas intensivas, como soja e milho, para produzir o meio de cultura celular, que é a base para o crescimento das células animais. Essa abordagem não só perpetua a competição com a produção de alimentos humanos, como também implica altos custos ambientais e econômicos associados à monocultura e à degradação do solo.
Outro ponto crítico é o consumo de energia. A produção de CC requer altos níveis de eletricidade para operar biorreatores, que mantêm condições precisas de temperatura e nutrição celular. O estudo revelou que, mesmo considerando a integração de energia renovável, como solar, a demanda energética da CC ainda é significativamente maior do que a da produção de carne suína convencional. Essa dependência energética coloca em xeque os benefícios climáticos prometidos pela CC, especialmente em regiões onde a eletricidade é gerada a partir de combustíveis fósseis.
Além disso, a extração de nutrientes, como glicose e aminoácidos, de culturas agrícolas é complexa e ineficiente. Processos industriais para a obtenção desses compostos geram desperdício e aumentam o custo ambiental e financeiro da produção. A pesquisa destaca que métodos de extração mais específicos e eficientes, embora teoricamente promissores, ainda não estão amplamente disponíveis.
Por fim, a escalabilidade da CC apresenta um obstáculo considerável. As tecnologias atuais, incluindo os meios de cultura baseados em soro bovino fetal, não são eticamente sustentáveis nem economicamente viáveis em larga escala. Mesmo com avanços, há uma lacuna de dados empíricos sobre o impacto ambiental da produção em grande escala, dificultando a avaliação realista do potencial da CC.
Em resumo, o estudo conclui que, enquanto a CC oferece um futuro promissor como alternativa ética, suas limitações tecnológicas, alto consumo energético e dependência de práticas agrícolas intensivas representam barreiras significativas para sua adoção sustentável.
Fonte: https://bit.ly/3WtGe3a
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