O IMC não é mais a única medida válida de obesidade


O Índice de Massa Corporal (IMC), amplamente usado para medir obesidade, foi oficialmente desconsiderado como a única ferramenta diagnóstica. Segundo novas diretrizes publicadas no The Lancet Diabetes and Endocrinology, a obesidade agora é classificada em duas categorias: clínica e pré-clínica, utilizando não apenas o IMC, mas também outros indicadores, como a relação cintura-quadril e exames metabólicos.

  • Obesidade clínica: ocorre quando a pessoa apresenta excesso de peso e uma ou mais doenças associadas, como diabetes, hipertensão, distúrbios lipídicos ou fígado gorduroso.
  • Obesidade pré-clínica: caracteriza-se por excesso de peso sem doenças relacionadas, sugerindo um risco potencial, mas ainda não concretizado, de problemas de saúde.

Essas mudanças refletem descobertas científicas que destacam a variabilidade individual na forma como o corpo lida com o armazenamento de gordura, algo amplamente influenciado pela genética. Algumas pessoas possuem maior capacidade de armazenar gordura subcutânea (sob a pele), o que permite que ganhem peso sem desenvolver complicações metabólicas. Por outro lado, quem armazena gordura visceral (em torno dos órgãos internos) está mais propenso a inflamações, resistência à insulina e doenças metabólicas.

A nova abordagem busca priorizar critérios objetivos para diagnósticos e intervenções médicas. Especialistas identificaram que a obesidade não é uma condição uniforme, mas sim multifacetada, com riscos variando de acordo com o tipo e o local de armazenamento de gordura. No entanto, essa redefinição também levanta questões éticas e econômicas.

Planos de saúde podem enfrentar pressões para cobrir tratamentos para obesidade, especialmente medicamentos, que representam um mercado bilionário para a indústria farmacêutica. A ampliação da definição de obesidade clínica pode abrir as portas para que mais pessoas tenham acesso a esses tratamentos, mas também pode elevar significativamente os custos dos seguros de saúde.

Embora essa mudança seja baseada em avanços científicos, ela também desperta desconfiança sobre a possível influência da Big Pharma no processo de decisão. Afinal, a inclusão de novos diagnósticos pode beneficiar economicamente setores que lucram com medicamentos para obesidade. O equilíbrio entre critérios científicos e interesses econômicos será crucial para determinar os impactos dessa nova classificação na saúde pública.

Fonte: https://bit.ly/4atfGEP

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