Impactos ambientais da carne cultivada: uma avaliação do ciclo de vida do berço à porta da fábrica

O estudo realizado por Risner et al. (2025) sobre os impactos ambientais da carne cultivada, especificamente a carne baseada em células animais (ACBM), revela preocupações significativas em relação à sua sustentabilidade. Embora a carne cultivada seja frequentemente promovida como uma alternativa mais ecológica à carne tradicional, a pesquisa sugere que sua produção pode, na verdade, ter um impacto ambiental maior do que o da carne bovina convencional.

Um dos principais problemas identificados no estudo é a falta de dados completos sobre os componentes do meio de crescimento utilizado na cultura celular. Os autores notaram que não foram considerados aspectos como a purificação dos componentes do meio, o que pode levar a uma subestimação dos impactos ambientais. Além disso, a análise não levou em conta a produção de substâncias como HEPES e ácido lipoico, resultando em uma contabilização parcial dos recursos e da energia envolvidos.

Outro ponto crítico é que, embora a pesquisa tenha avaliado o impacto ambiental por unidade de ACBM produzida, não considerou o impacto total da ampliação da produção de carne cultivada para atender à demanda do mercado. Isso é preocupante, pois a capacidade de bioprocessamento celular em 2021 era de 17,4 milhões de litros, e para alcançar apenas 1% da produção global de carne, seriam necessárias instalações de produção em larga escala.

Os autores também destacam que a carne cultivada pode não ser inerentemente mais amigável ao meio ambiente, especialmente considerando que a indústria ainda está em sua fase inicial. Eles argumentam que muitos estudos anteriores sobre a carne cultivada basearam suas conclusões em suposições otimistas sobre avanços tecnológicos que ainda não foram comprovados. Portanto, é essencial que os desenvolvedores de tecnologias alimentares considerem o impacto ambiental como um critério de design, em vez de assumir que a carne cultivada será automaticamente mais sustentável.

Em resumo, o estudo alerta que, para que a carne cultivada realmente ofereça benefícios ambientais, é necessário resolver desafios técnicos e econômicos significativos, além de desenvolver um meio de crescimento otimizado e ambientalmente amigável. A pesquisa enfatiza a importância de avaliações abrangentes para que investidores e formuladores de políticas possam tomar decisões informadas sobre o futuro da produção de alimentos.

Fonte: https://bit.ly/4fPN1Ld