Efeitos do jejum de sete dias no desempenho físico e na adaptação metabólica durante o exercício em humanos
O estudo investiga como o jejum prolongado afeta o desempenho físico e as adaptações metabólicas em humanos. Foram avaliados 13 participantes saudáveis (7 homens e 6 mulheres) que passaram por um jejum de sete dias, consumindo apenas água. Durante esse período, eles perderam, em média, 7,5% do peso corporal total, incluindo 4,6 kg de massa magra e 1,4 kg de gordura. Apesar da perda de massa magra, a força muscular máxima dos músculos das pernas foi preservada, sugerindo que os elementos contráteis das fibras musculares não foram significativamente degradados.
Por outro lado, o consumo máximo de oxigênio (VO₂ máx) diminuiu 13%, acompanhado de uma queda de 16% na capacidade de pico de trabalho durante exercícios. Isso indica uma redução na resistência aeróbica em atividades de alta intensidade. Essa redução foi associada a mudanças no metabolismo energético, incluindo uma redução pela metade no conteúdo de glicogênio muscular – importante para exercícios anaeróbicos – e uma drástica mudança na fonte de energia do corpo. Durante o jejum, a oxidação de carboidratos foi significativamente inibida, substituída por uma maior dependência de gorduras como fonte de energia. Essa adaptação foi mediada por um aumento de 13 vezes na proteína PDK4, que reduz a capacidade de metabolizar carboidratos, protegendo a glicemia em situações de escassez alimentar.
Além disso, os níveis de glicose, ácidos graxos e corpos cetônicos no sangue foram alterados durante o jejum, com o corpo utilizando predominantemente gorduras e cetonas para sustentar suas necessidades energéticas. Essa adaptação metabólica demonstrou ser suficiente para preservar a força muscular necessária para atividades como caminhar ou caçar, mas limitou a capacidade de realizar esforços aeróbicos intensos e prolongados.
Os resultados destacam a resiliência do corpo humano durante períodos de privação alimentar, que historicamente eram comuns. A preservação da força muscular em condições de jejum reflete a necessidade evolutiva de manter mobilidade e força para buscar alimentos. Embora os participantes tenham experimentado mudanças metabólicas significativas, nenhum efeito adverso grave foi relatado, reforçando a viabilidade do jejum controlado em indivíduos saudáveis. Esse estudo contribui para a compreensão de como o corpo se adapta para manter a funcionalidade em condições extremas.
Fonte: https://go.nature.com/3DFcuJX
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