Controvérsia sobre a correlação do consumo de carne vermelha e processada com o risco de câncer colorretal: uma perspectiva asiática
O estudo investiga a relação entre o consumo dessas carnes e o câncer colorretal, com foco em populações asiáticas, especialmente na Coreia do Sul. A pesquisa revisou mais de 500 estudos epidemiológicos, destacando que 80% das análises foram conduzidas em países ocidentais, enquanto apenas 15% foram realizadas na Ásia. Este desequilíbrio evidencia uma lacuna nas conclusões da IARC (International Agency for Research on Cancer), que em 2015 classificou carnes processadas como carcinogênicas (Grupo 1) e carnes vermelhas como provavelmente carcinogênicas (Grupo 2A).
Na Ásia, o consumo de carnes processadas é significativamente menor do que em países ocidentais. Na Coreia do Sul, por exemplo, a ingestão anual per capita é cerca de um sétimo do consumo europeu. Apesar disso, a Coreia possui uma das maiores incidências de câncer colorretal no mundo, o que sugere que outros fatores desempenham um papel mais relevante. Entre eles, destacam-se altos índices de tabagismo, consumo de álcool, estresse, dietas ricas em sal e hábitos de vida, como baixa prática de exercícios físicos. Além disso, a alta taxa de exames médicos regulares e avanços tecnológicos podem estar contribuindo para uma maior detecção do câncer.
O estudo também aponta que as definições, métodos de preparo e tipos de carnes processadas consumidas na Ásia diferem das ocidentais, o que pode influenciar os resultados. Embora a IARC tenha citado que o consumo diário de 50g de carnes processadas ou 100g de carnes vermelhas aumenta o risco de câncer colorretal em 18% e 17%, respectivamente, dados asiáticos não corroboram esta conclusão. Pesquisas locais frequentemente não encontram relação significativa entre o consumo dessas carnes e o câncer.
A pesquisa conclui que os estudos atuais são insuficientes para generalizar os riscos associados às carnes processadas e vermelhas para populações asiáticas. É necessária uma investigação mais abrangente que leve em consideração os contextos culturais, os padrões alimentares e os fatores ambientais específicos. Além disso, os resultados reforçam que o risco de câncer colorretal está associado a múltiplos fatores combinados, não podendo ser atribuído exclusivamente ao consumo de carnes processadas.
Fonte: https://bit.ly/3DVgLsK
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