Comer carne vermelha, especialmente em forma processada, aumenta o risco de demência e de declínio cognitivo?


As manchetes têm sido: "Novo estudo relaciona consumo de carne vermelha ao aumento do risco de demência", seguindo um estudo publicado na semana passada na Neurology.

Vamos analisar algumas falhas metodológicas:

  1. Estudo Observacional: A pesquisa foi baseada em dados observacionais, que não permitem estabelecer uma relação de causa e efeito entre o consumo de carne e os desfechos cognitivos.
  2. Autorreporte: O consumo de carne foi medido por questionários de frequência alimentar autorreportados, sujeitos a erros de memória e viés de resposta.
  3. Agrupamento Problemático de Alimentos: Houve muito "agrupamento de alimentos" no questionário de frequência alimentar. Na categoria de carnes não processadas, sanduíches e pratos mistos (por exemplo, lasanha) foram agrupados com bife e cordeiro.
  4. Validação Limitada de Dados Dietéticos: Embora os questionários tenham sido validados previamente, sua precisão ao longo de décadas é comprometida. A avaliação da ingestão de carne vermelha pode ser afetada pelo viés de recordação, especialmente se os participantes já apresentavam algum grau de comprometimento cognitivo antes do início do estudo.
  5. Viés do Usuário Saudável: Citando o estudo: "Os participantes que consumiram mais carne vermelha apresentaram maior prevalência de tabagismo atual, hipertensão e diabetes, e menores níveis de qualidade alimentar, nível educacional, [status socioeconômico] e atividade física." Além disso: "A ingestão de carne vermelha não processada não foi significativamente associada a nenhuma medida da função cognitiva objetiva." Esse ponto é importante, pois os mecanismos propostos para justificar como a carne vermelha poderia prejudicar o cérebro (como TMAO e ingestão de gordura saturada) não são específicos para carne vermelha processada.
  6. Problemas na Plausibilidade Biológica: Um exemplo: o estudo afirma que "Dietas ricas em gorduras saturadas podem reduzir o fator neurotrófico derivado do cérebro…" Contudo, ao verificar a referência (ref. 34), a dieta mencionada é, na verdade, chamada de "dieta rica em sacarose".
  7. Generalização Limitada: A amostra consistiu principalmente de profissionais de saúde brancos, limitando a aplicabilidade dos resultados a outras populações e etnias.
  8. Foco em Populações de Alta Escolaridade: A maior precisão dos participantes pode não refletir padrões de comportamento alimentar e saúde em populações com níveis educacionais mais baixos.
  9. Confusão Residual: Apesar do ajuste para várias variáveis (como atividade física e histórico de doenças), não se pode descartar a influência de fatores não controlados.
  10. Demência Autorreferida: Parte dos casos de demência foi baseada em relatos pessoais, o que pode levar a erros de classificação.
  11. Resultados Inconsistentes para Carnes Não Processadas: Os dados sobre carne não processada não foram conclusivos.
  12. Falta de Biomarcadores Diretos: Não foram utilizados marcadores biológicos para confirmar a relação entre o consumo de carne e os mecanismos de dano cognitivo.
  13. Substituição Idealizada de Alimentos: Os efeitos da substituição de carne por fontes alternativas (como nozes e legumes) foram hipotéticos e não testados diretamente no estudo.



Em resumo, este estudo apresenta diversas limitações e parece mais uma tentativa de pseudociência, produzido por uma instituição com forte viés ideológico vegano — no caso, Harvard.

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