Restrição de gordura saturada para prevenção de doenças cardiovasculares: revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados


O estudo revisou a eficácia da redução de gorduras saturadas (SFA, na sigla em inglês) na prevenção de doenças cardiovasculares (DCV) e mortalidade, com base em ensaios clínicos randomizados (ECRs). Foram analisados dados de 9 estudos com 13.532 participantes, avaliando mortalidade por causas cardiovasculares, mortalidade geral, infarto do miocárdio e eventos coronarianos. Os resultados mostraram que a redução de gorduras saturadas não teve impacto significativo em nenhum desses desfechos. A análise excluiu estudos que usaram critérios arbitrários, como mudanças em eletrocardiogramas ou angiografias coronárias.

Embora diretrizes como a da Colégio Americano de Cardiologia (American College of Cardiology ACC)/Associação Americana do Coração (American Heart Association AHA) tradicionalmente defendam a restrição de SFA, a base dessa recomendação é predominantemente observacional. Alguns estudos, como o PURE, indicaram até mesmo correlação negativa entre o consumo de SFA e mortalidade geral, gerando debates recentes sobre a validade dessa recomendação. Além disso, análises anteriores de meta-análises como as de Mozaffarian et al. e Sacks et al. foram criticadas pela inclusão de estudos metodologicamente questionáveis, como os Estudos de Hospitais Mentais da Finlândia, que não eram randomizados e apresentavam limitações de desenho e controle.

No presente estudo, foi destacado que muitas pesquisas que sugerem benefícios da redução de SFA não incluíram participantes em uso de estatinas, medicamentos amplamente prescritos para reduzir colesterol LDL. A adição de estatinas, além de outras terapias modernas, pode influenciar os desfechos, tornando os efeitos da dieta menos relevantes. Outra limitação foi a falta de estudos que abordassem diferenças entre grupos raciais, étnicos ou entre tipos específicos de ácidos graxos saturados.

Concluiu-se que, com base nas evidências disponíveis de ECRs, a restrição de SFA não pode ser recomendada como estratégia para prevenir DCV ou reduzir mortalidade. Estudos futuros devem incluir populações diversificadas, investigar diferenças de gênero e avaliar o impacto da redução de SFA em indivíduos tratados com estatinas.

Fonte: https://bit.ly/3CUlj28

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