Não linearidade da relação inversa entre o colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL) e o risco cardiovascular incidente: é hora de revisitar a "hipótese do HDL"?
Níveis baixos de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-C), conhecido como "bom colesterol", estão claramente associados a doenças cardiovasculares ateroscleróticas (ASCVD). No entanto, a relação entre HDL-C e risco cardiovascular não segue um padrão simples e linear, especialmente em níveis muito baixos ou muito altos de HDL-C. Tradicionalmente, modelos de risco consideram que níveis mais altos de HDL-C reduzem o risco de ASCVD de forma linear, mas evidências recentes sugerem que isso pode não ser totalmente preciso.
Estudos mostram que níveis muito baixos de HDL-C (abaixo de 30-35 mg/dL) podem estar ligados a um aumento significativo no risco cardiovascular. Por outro lado, quando os níveis de HDL-C ultrapassam 90 mg/dL, a redução do risco parece se inverter, sugerindo que níveis extremamente altos também podem não ser tão benéficos quanto se pensava.
O motivo para a pouca atenção clínica aos riscos associados ao HDL-C baixo pode ser o fracasso de medicamentos projetados para aumentar o HDL-C em reduzir eventos cardiovasculares em pacientes que já usam estatinas. Esses estudos, porém, geralmente incluíram pessoas com níveis moderadamente baixos de HDL-C (35-45 mg/dL), sem avaliar adequadamente aqueles com HDL-C muito baixo.
As diretrizes atuais para colesterol nos EUA não incorporam esses achados emergentes. O HDL-C é avaliado apenas como um fator de risco linear inverso, com valores anormais definidos como <40 mg/dL para homens e <50 mg/dL para mulheres. Isso pode levar à subestimação do risco em pessoas com HDL-C muito baixo ou muito alto. Além disso, biomarcadores alternativos, como partículas de HDL ou a capacidade de efluxo de colesterol, podem ser mais eficazes para prever risco cardiovascular, mas ainda não são amplamente usados.
É importante atualizar as diretrizes para refletir melhor a complexidade do HDL-C. Isso inclui considerar a não linearidade de seus efeitos e reconhecer níveis muito baixos ou muito altos como fatores de risco adicionais. Ensaios clínicos futuros devem focar em pessoas com HDL-C extremamente baixo, onde intervenções podem ter maior impacto na redução de eventos cardiovasculares. Esses ajustes podem melhorar a avaliação de risco e direcionar tratamentos mais eficazes.
Fonte: https://bit.ly/4fwsrze
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