Colesterol de lipoproteína de baixa densidade e risco de hemorragia intracerebral

O estudo prospectivo intitulado "Low-density lipoprotein cholesterol and risk of intracerebral hemorrhage" explorou a relação entre os níveis de colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade) e o risco de hemorragia intracerebral (HIC), uma forma grave de AVC caracterizada por alta mortalidade e incapacidade. Conduzido com 96.043 participantes sem histórico de AVC, infarto ou câncer no início, o estudo acompanhou os indivíduos entre 2006 e 2012, avaliando os níveis de LDL em intervalos de dois anos.

Os resultados mostraram que níveis de LDL inferiores a 70 mg/dL estavam associados a um risco significativamente maior de HIC em comparação com níveis entre 70 e 99 mg/dL. O risco era particularmente elevado para aqueles com LDL abaixo de 50 mg/dL, com um aumento de até 2,7 vezes no risco ajustado. Por outro lado, os participantes com LDL acima de 70 mg/dL não apresentaram aumento no risco de HIC, indicando que níveis mais elevados podem ser protetores contra este tipo de AVC.

A pesquisa levantou preocupações sobre os efeitos adversos de terapias que reduzem intensamente o LDL, como o uso de estatinas e outros medicamentos hipolipemiantes, frequentemente recomendados para prevenir doenças cardiovasculares isquêmicas. Enquanto essas terapias são eficazes na redução de infartos e AVCs isquêmicos, a redução excessiva do LDL pode aumentar a vulnerabilidade a hemorragias intracerebrais, especialmente em indivíduos com fatores de risco como hipertensão, idade avançada e alto consumo de álcool.

O estudo propôs que um intervalo de LDL entre 70 e 99 mg/dL pode ser o mais seguro para equilibrar os riscos de doenças isquêmicas e hemorrágicas. Os pesquisadores também sugeriram possíveis mecanismos para a associação entre LDL baixo e HIC, como maior fragilidade das membranas celulares, alterações na coagulação e maior prevalência de micro-hemorragias cerebrais em níveis baixos de colesterol.

Embora o estudo tenha sido robusto, com medições repetidas e análise detalhada de vários fatores de risco, ele também apontou limitações, como a generalização para populações diferentes da estudada (majoritariamente chinesa) e a necessidade de investigações futuras para validar os resultados em contextos mais amplos. Essas descobertas podem guiar diretrizes clínicas para um manejo mais equilibrado do colesterol, visando melhorar a segurança dos tratamentos e minimizar os riscos associados.

Fonte: https://bit.ly/3ZPiJmW

*Artigo completo na newsletter

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.