Níveis lipídicos em pacientes hospitalizados com doença arterial coronariana: uma análise de 136.905 hospitalizações no Get With The Guidelines
Este estudo com mais de 136 mil pacientes hospitalizados com doença arterial coronariana revelou um dado surpreendente: quase metade dos pacientes apresentava níveis de LDL (o "colesterol ruim") abaixo de 100 mg/dL, e 17,6% tinham LDL abaixo de 70 mg/dL ao serem internados. Esses níveis são considerados baixos, segundo as diretrizes, e ainda assim muitos desses pacientes sofreram eventos cardiovasculares graves. Isso sugere que o LDL baixo, por si só, não é um indicador eficaz de proteção contra doenças cardíacas e pode até ser um sinal de fragilidade metabólica.
Outro ponto relevante é a questão do HDL (o "colesterol bom"). Mais da metade dos pacientes tinha níveis de HDL abaixo de 40 mg/dL, o que está associado a um risco aumentado de eventos cardíacos. Apenas 1,4% dos pacientes hospitalizados tinham níveis ideais de lipídios, com LDL baixo e HDL alto. Esse dado indica que focar exclusivamente na redução do LDL, sem considerar o aumento do HDL, pode levar a um tratamento insuficiente e aumentar a vulnerabilidade a complicações cardiovasculares.
Os resultados sugerem que níveis muito baixos de colesterol podem não apenas falhar na proteção contra doenças cardíacas, mas também refletir um estado de saúde debilitado. Baixo colesterol pode estar associado a uma resposta imune enfraquecida e maior suscetibilidade a infecções, além de estar ligado a problemas como desnutrição, câncer e doenças crônicas. Isso levanta preocupações sobre o uso agressivo de medicamentos para baixar o colesterol, especialmente em pacientes que já apresentam níveis reduzidos.
Portanto, o estudo aponta para a necessidade de reavaliar o uso do colesterol como biomarcador de tratamento. Em vez de focar apenas na redução do LDL, é importante considerar o contexto clínico completo do paciente, incluindo o papel do HDL e os possíveis efeitos deletérios de níveis extremamente baixos de colesterol. Estratégias de tratamento devem ser mais equilibradas, visando melhorar a saúde cardiovascular geral e não apenas atingir metas específicas de colesterol.
Fonte: https://bit.ly/3BTV1N6
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