Da fome à alimentação com restrição de tempo: uma revisão da fisiologia do jejum


Estudos antigos sobre jejum prolongado em pessoas com obesidade trouxeram descobertas significativas sobre o metabolismo, especialmente sobre o papel dos corpos cetônicos. Observou-se que indivíduos que jejuavam por várias semanas sobreviviam, mesmo quando cálculos iniciais indicavam que as reservas de carboidratos e proteínas seriam esgotadas em pouco tempo. Essa aparente contradição levou à compreensão de que os corpos cetônicos são cruciais como fonte alternativa de energia, particularmente para o cérebro.

Essas descobertas revolucionaram a visão sobre o metabolismo de macronutrientes e a adaptação do corpo ao jejum. Embora o jejum prolongado não seja mais utilizado como tratamento para obesidade, ele abriu caminho para estratégias modernas, como o jejum intermitente e a alimentação com restrição de tempo. Estas abordagens menos extremas proporcionam benefícios metabólicos, mas os mecanismos que promovem essas mudanças ainda são pouco compreendidos.

Corpos cetônicos e suas adaptações

Os corpos cetônicos, anteriormente vistos como subprodutos prejudiciais associados à cetoacidose diabética (CAD), são agora reconhecidos como elementos essenciais no metabolismo energético durante períodos de jejum. Estudos demonstraram que os níveis de corpos cetônicos aumentam nas primeiras três semanas de jejum prolongado e se estabilizam conforme a produção e a utilização se equilibram. Em atletas de resistência em dietas cetogênicas, por exemplo, o desempenho só melhora após cerca de quatro semanas, indicando um tempo de adaptação metabólica.

Jejum intermitente e benefícios metabólicos

Modelos modernos, como o jejum intermitente, baseiam-se nas adaptações observadas no jejum prolongado, mas são mais práticos e sustentáveis. Apesar dos benefícios metabólicos relatados, como maior sensibilidade à insulina e queima de gordura, ainda é necessário explorar os mecanismos por trás dessas melhorias e o papel dos corpos cetônicos nesses processos.

Perspectivas futuras

Os estudos pioneiros sobre jejum destacam a importância de questionar conceitos tradicionais e adaptar teorias às evidências. Ainda que os benefícios de estimular a cetogênese endógena (através do jejum) ou administrar corpos cetônicos exógenos precisem ser mais bem estabelecidos, há potencial para utilizar a cetose como alvo terapêutico no tratamento de doenças associadas à obesidade. Explorar e entender melhor essas adaptações metabólicas pode expandir significativamente as opções de intervenção para melhorar a saúde metabólica.

Fonte: https://go.nature.com/4iaYk3c

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