Efeitos do jejum intermitente na função reprodutiva feminina: uma revisão de estudos em animais e humanos
Este artigo explora a falta de estudos específicos sobre a saúde reprodutiva feminina em relação ao jejum intermitente, buscando preencher essa lacuna ao revisar diferentes tipos de regimes de jejum e seus efeitos na função reprodutiva, além de possíveis mecanismos subjacentes.
Principais descobertas:
- Em modelos animais saudáveis (não obesos ou grávidas), o jejum em dias alternados (ADF) e a alimentação restrita a uma janela de 8 horas (TRF) podem ter efeitos adversos na função reprodutiva. Entretanto, esses regimes demonstram potencial para mitigar os efeitos negativos causados por exposições ambientais nocivas.
- Um regime de jejum de 10 horas mostrou benefícios na melhora da fertilidade tanto em animais com peso normal quanto em animais submetidos a dietas ricas em gordura.
- Em mulheres com sobrepeso, obesidade ou síndrome dos ovários policísticos (SOP), o jejum 5:2 e o TRF reduziram significativamente o índice de andrógenos livres e aumentaram os níveis de globulina ligadora de hormônios sexuais, promovendo melhorias na regulação menstrual.
- No caso de mulheres grávidas, os dados disponíveis sobre o jejum durante o Ramadã não indicam fortemente um aumento no risco de parto prematuro. No entanto, possíveis efeitos negativos sobre o ganho de peso materno, o peso ao nascer do bebê e a saúde de longo prazo da criança devem ser considerados.
O estudo também aborda fatores que podem vincular o jejum intermitente à saúde reprodutiva, como o relógio circadiano, a microbiota intestinal, reguladores metabólicos e estilos de vida modificáveis. Embora a área de estudo ainda esteja em evolução, os autores destacam o potencial do jejum intermitente como uma estratégia terapêutica para tratar irregularidades menstruais e infertilidade em mulheres com obesidade e SOP. Porém, é essencial ponderar os riscos potenciais, especialmente para mulheres grávidas.
Além disso, o artigo discute os efeitos do jejum intermitente na ingestão calórica e no gasto energético. Em regimes como o ADF e o TRF de 8 horas, observa-se uma redução de 20% a 35% na ingestão calórica, o que pode ter implicações tanto negativas quanto positivas para a fertilidade. Embora uma restrição calórica excessiva possa afetar o eixo hipotalâmico-hipofisário e causar amenorreia hipotalâmica, uma perda de peso moderada pode ser benéfica para mulheres com obesidade e SOP, ajudando a reduzir a produção excessiva de andrógenos, melhorar a resistência à insulina e restaurar a regularidade menstrual.
O artigo também aborda o impacto do jejum intermitente na atividade física e no sono. Estudos com animais sugerem que o TRF de 8 horas pode aumentar os níveis de atividade física, mas os resultados em humanos são menos consistentes, não mostrando alterações claras no metabolismo ou no gasto energético. Quanto ao sono, apesar de se hipotetizar que horários irregulares de alimentação possam interferir nos ritmos circadianos, estudos humanos ainda não demonstraram efeitos consistentes.
Conclui-se que o jejum intermitente pode ser uma ferramenta útil no tratamento de mulheres com obesidade e SOP, mas os riscos potenciais para mulheres grávidas e saudáveis exigem cautela. A necessidade de estudos maiores e mais detalhados é evidente para obter conclusões mais sólidas.
Fonte: https://bit.ly/3UdaLRw
*Artigo completo disponível na newsletter.
Nenhum comentário: