O (des)equilíbrio de macronutrientes impulsiona a ingestão de energia em um ambiente alimentar obesogênico: uma análise ecológica
Objetivo: A hipótese de alavancagem proteica (HAP) postula que a forte regulação da ingestão de proteínas leva ao consumo excessivo de energia e à obesidade quando as dietas humanas são diluídas em gordura e carboidratos. As duas previsões do HAP são que os humanos (i) regulam a ingestão para manter a proteína dentro de uma faixa estreita e que (ii) a ingestão de energia é uma função inversa da porcentagem de energia proveniente da proteína porque a ingestão absoluta de proteína é mantida dentro de limites estreitos.
Métodos: A geometria nutricional multidimensional foi usada para testar as previsões do HAP usando dados dietéticos da Pesquisa Nacional Australiana de Nutrição e Atividade Física.
Resultados: Ambas as previsões do HAP foram confirmadas em um cenário populacional: a ingestão média de proteínas foi de 18,4%, e a ingestão de energia diminuiu com o aumento da energia proveniente da proteína (L = -0,18, p < 0,0001). Foi demonstrado que alimentos discricionários altamente processados são um diluente significativo de proteínas e estão associados ao aumento de energia, mas não ao aumento da ingestão de proteínas.
Conclusões: Estes resultados apoiam uma explicação ecológica e mecanicista integrada para a obesidade, na qual alimentos altamente processados com baixo teor de proteína levam a uma maior ingestão de energia devido à resposta biológica ao desequilíbrio de macronutrientes impulsionado por um apetite dominante por proteínas. Este estudo apoia um papel central da proteína na epidemia de obesidade, com implicações significativas para a saúde global.
Importância do Estudo
O que já é conhecido?
Existe um desacordo fundamental sobre os fatores e mecanismos subjacentes à epidemia de obesidade. A hipótese de alavancagem proteica (HAP ) propõe que em ambientes alimentares macronutricionalmente desequilibrados, a forte regulação humana da ingestão de proteínas impulsiona o consumo excessivo de energia e a obesidade (“alavancagem proteica”) em dietas altamente processadas com diluição de proteínas. A alavancagem proteica tem o apoio de vários ensaios clínicos randomizados, e aqui testaram a HAP em ambientes ecológicos e realistas.
O que este estudo acrescenta?
Mostraram, através de uma grande pesquisa nacional sobre dieta, que, conforme previsto pela HAP, a ingestão de macronutrientes é regulada dentro de limites estreitos, a ingestão de energia é uma função negativa da concentração de proteína na dieta e que a categoria de alimentos principalmente associada à diluição da proteína na dieta são os alimentos discricionários altamente processados.
Como esses resultados podem mudar a direção da pesquisa ou o foco da prática clínica?
O fato de o consumo excessivo de energia ser impulsionado por um forte apetite humano por proteínas, interagindo com ambientes alimentares desequilibrados, destaca a importância de intervenções centradas em ambientes alimentares. Metodologicamente, essa análise aborda a controvérsia sobre os dados de recordatório alimentar, mostrando que um fenômeno estabelecido em ensaios clínicos randomizados (alavancagem de proteínas) também é detectável em dados de vigilância dietética, estabelecendo assim tanto a causalidade (em ambientes experimentais) quanto a relevância (em ambientes populacionais) de alavancagem de proteínas.
Fonte: https://bit.ly/3WF34FV
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