Revisão histórica do uso de estatísticas de risco relativo no retrato dos supostos perigos do colesterol LDL alto e dos benefícios da terapia hipolipemiante


A maneira como os investigadores de ensaios clínicos apresentam suas descobertas aos profissionais de saúde e ao público pode ter uma influência substancial em seu impacto. Por exemplo, se ocorrer um ataque cardíaco em 2% das pessoas no grupo placebo e em 1% das pessoas no grupo tratado com drogas, o benefício para a população tratada é apenas um ponto percentual melhor do que nenhum tratamento. É improvável que essa descoberta gere muito entusiasmo por parte dos patrocinadores do estudo e na divulgação das descobertas ao público. Em vez disso, os diretores do estudo podem ampliar a magnitude da aparência do benefício do tratamento usando o valor do risco relativo (RR) de uma redução de 50% do risco de ataque cardíaco, já que um é 50% de dois. Ao usar o tipo de análise de dados RR, os diretores de ensaios clínicos podem promover o resultado de seus ensaios em sua publicação e para a mídia como altamente bem-sucedido, minimizando ou desconsiderando totalmente a redução do risco absoluto (RA) de apenas um ponto percentual. A prática de expressar o RR sem o RA tornou-se rotineiramente empregada no relato de achados em diversas áreas de pesquisa clínica. Os autores fornecem uma perspectiva histórica de como essa forma de apresentação de dados se tornou comum no relato de resultados de ensaios clínicos randomizados (ECRs) sobre monitoramento e prevenção de eventos de doença coronariana (DCC) nas últimas quatro décadas. Eles afirmam que a ênfase no RR, juntamente com a divulgação insuficiente do RA no relato dos resultados do ECR, levou os profissionais de saúde e o público a superestimar as preocupações sobre o colesterol alto e a serem enganados quanto à magnitude dos benefícios da terapia de redução do colesterol. O objetivo desta revisão é alertar a comunidade científica para abordar esta abordagem enganosa para apresentação de dados.

Em conclusão, nas últimas quatro décadas, os acadêmicos têm afirmado repetidamente que a representação dos achados de ensaios clínicos como RR, embora desconsidere o RA, é uma prática enganosa. No campo das doenças cardiovasculares, uma consequência dessa estratégia resultou no aparecimento exagerado dos supostos perigos do colesterol alto e na amplificação da magnitude dos benefícios dos medicamentos para baixar o colesterol. Essa estratégia parece ter sido implantada pela primeira vez com a publicação do estudo LRC-CPPT em 1984, mas agora se tornou comum. Para combater essa tendência de má conduta científica, afirmamos que as publicações e reportagens da mídia sobre os resultados dos ensaios clínicos devem sempre retratar os benefícios, bem como os danos, das intervenções em termos de riscos absolutos e relativos.

Fonte: https://bit.ly/44vyLD4

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