Cetonas e o Coração: Princípios Metabólicos e Implicações Terapêuticas

Os corpos cetônicos beta-hidroxibutirato e acetoacetato são metabólitos produzidos no fígado e catabolizados em órgãos extra-hepáticos. Os corpos cetônicos são um combustível cardíaco crítico e têm diversos papéis na regulação de processos celulares, como metabolismo, inflamação e interferência celular em vários órgãos que medeiam doenças. Esta revisão enfoca o papel do metabolismo cardíaco da cetona na saúde e na doença, com ênfase no potencial terapêutico da cetose como tratamento para insuficiência cardíaca (IC). A reprogramação metabólica cardíaca, caracterizada pela diminuição do metabolismo oxidativo mitocondrial, contribui para a disfunção cardíaca e remodelação patológica durante o desenvolvimento da IC. Evidências crescentes apoiam um papel adaptativo do metabolismo da cetona na IC para promover a função cardíaca normal e atenuar a progressão da doença. A utilização aumentada da cetona cardíaca durante a IC é mediada pelo aumento da disponibilidade devido à cetose sistêmica e uma regulação positiva cardíaca autônoma das enzimas cetolíticas. Estratégias terapêuticas projetadas para restaurar o metabolismo de combustível de alta capacidade no coração mostram-se promissoras para abordar os déficits metabólicos de combustível que sustentam a progressão da IC. No entanto, os mecanismos envolvidos nos efeitos benéficos dos corpos cetônicos na IC ainda não foram definidos e representam importantes linhas de investigação futuras. Além de usar como substrato energético para a oxidação mitocondrial cardíaca, os corpos cetônicos modulam a utilização miocárdica de glicose e ácidos graxos, dois substratos energéticos vitais que regulam a função cardíaca e a hipertrofia. Os efeitos salutares dos corpos cetônicos durante a IC também podem incluir funções extracardíacas na modulação das respostas imunes, redução da fibrose e promoção da angiogênese e vasodilatação. Propriedades adicionais de sinalização pleotrópica de beta-hidroxibutirato e AcAc são discutidas, incluindo regulação epigenética e proteção contra o estresse oxidativo. As evidências do benefício e viabilidade da cetose terapêutica são examinadas em estudos pré-clínicos e clínicos. Finalmente, os ensaios clínicos em andamento são revisados para uma perspectiva sobre a tradução da terapêutica com cetona para o tratamento da IC.

Fonte: https://bit.ly/3Ma0AtY