A morte é um dia que vale a pena viver


“Sobre a arte de ganhar existem muitas lições, mas e sobre a arte de perder? Ninguém quer falar a respeito disso, mas a verdade é que passamos muito tempo da vida em grande sofrimento quando perdemos bens, pessoas, realidades, sonhos.

Saber perder é a arte de quem conseguiu viver plenamente o que ganhou um dia.



Em 2012, Ana Claudia Quintana Arantes deu uma palestra ao TED que rapidamente viralizou, ultrapassando a marca de 1,7 milhão de visualizações. A última fala do vídeo, “A morte é um dia que vale a pena viver”, se tornou o título do livro que, desde seu lançamento em 2016, vem conquistando um público cada vez maior.

Uma das maiores referências sobre Cuidados Paliativos no Brasil, a autora aborda o tema da finitude sob um ângulo surpreendente. Segundo ela, o que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de chegarmos ao fim da vida sem aproveitá-la, de não usarmos nosso tempo da maneira que gostaríamos.

Invertendo a perspectiva do senso comum, somos levados a repensar nossa própria existência e a oferecer às pessoas ao redor a oportunidade de viverem bem até o dia de sua partida. Em vez de medo e angústia, devemos aceitar nossa essência para que o fim seja apenas o término natural de uma caminhada.

Completamente revista e ampliada, esta edição é uma bela ode à vida e à humanidade”.

Ponto de inflexão da autora (página 48)

“‘Uma mãe levou o filho até Mahatma Gandhi e implorou-lhe:

– Por favor, Mahatma, diga a meu filho para não comer mais açúcar….

Depois de uma pausa, Gandhi pediu à mãe:

– Traga seu filho de volta daqui a duas semanas.

Duas semanas depois, ela voltou com o filho.

Gandhi olhou bem no fundo dos olhos do garoto e lhe disse:

– Não coma açúcar…

Agradecida, porém perplexa, a mulher pergntou:

– Por que me pediu duas semanas? Podia ter dito a mesma coisa a ele antes!

E Gandhi respondeu-lhe:

– Há duas semanas, eu estava comendo açúcar’.

A peça termina, e eu não consigo aplaudir. Fico em pé, olhando Gandhi com minha alma nua. Uma epifania, definitivamente, uma epifania. Em poucos instantes, eu compreendi o que estava para ser o grande passo da minha carreira, da minha vida.

Naquele dia, eu me dei conta de que a maior resposta que eu procurava havia chegado: todo o trabalho de cuidar das pessoas na sua integralidade humana só poderia fazer sentido se, em primeiro lugar, eu me dedicasse a cuidar de mim mesma e da minha vida.

Me lembrei dos meus tempos de carola.

Me lembrei de um ensinamento importante de Jesus: ‘amai o próximo como a ti mesmo’.”

Conclusão

Para cuidar dos outros, é preciso que você se cuide antes. E a pergunta que te faço é: você está cuidando de você mesmo tão bem quanto poderia? Ou você está se maltratando?

Você obrigaria alguém a dormir apenas 4 horas por noite? Então por quê você está se privando do sono?

Você cuida de sua alimentação? Você faz atividades físicas regularmente? Você deixa espaços em sua agenda para a família, para o lazer, para o ócio?

Se você não se cuidar, ninguém o fará por você. É uma responsabilidade integralmente sua.

Se você não se cuidar, você não terá condições emocionais de oferecer a outras pessoas o melhor que há dentro de você como ser humano.

Como disse a Ana Arantes em outra passagem do livro dela: “preciso oferecer o melhor do meu conhecimento técnico junto com o melhor que tenho dentro de mim como ser humano” (p. 56).

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