Uma breve história da gordura saturada: a construção e a destruição de um consenso científico.


Finalidade da revisão

Este artigo reconta a história da hipótese dieta-coração desde o final da década de 1950 até os dias atuais, com revelações inéditas na literatura científica. Esses novos insights incluem o papel das autoridades no lançamento da hipótese da dieta, incluindo um potencial conflito de interesses para a Associação Americana do Coração (American Heart Association); uma série de detalhes cruciais sobre estudos considerados influentes para a hipótese; irregularidades nas revisões científicas sobre gorduras saturadas, tanto para o Dietary Guidelines for Americans de 2015 quanto de 2020; e possíveis conflitos de interesse no subcomitê relevante que revisa gorduras saturadas para o Comitê Consultivo de Diretrizes Dietéticas de 2020. As informações obtidas por meio da Lei de Liberdade de Informação (FOIA) em e-mails do processo de 2015 são publicadas aqui pela primeira vez. Essas descobertas são altamente relevantes para o processo de Diretrizes Alimentares 2025–2030, agora em andamento, que prevê uma nova revisão sobre gorduras saturadas.

Descobertas recentes

Descobertas recentes incluem deficiências nos processos de revisão científica sobre gorduras saturadas, tanto para as atuais Diretrizes Dietéticas para Americanos de 2020–2025 quanto para a edição anterior (2015–2020). As revelações incluem o fato de que a publicação de um livro na imprensa leiga desencadeou uma nova revisão de gorduras saturadas para as Diretrizes Alimentares de 2015 e que o Presidente do Comitê Consultivo de 2015 reconheceu, em um e-mail, a falta de justificativa científica para qualquer limite numérico específico para essas gorduras. Outras descobertas inéditas incluem conflitos financeiros potenciais significativos no subcomitê de diretrizes relevantes de 2020, incluindo a participação de defensores de vegetais, um especialista que promove uma dieta baseada em vegetais por motivos religiosos, especialistas que receberam amplo financiamento de indústrias, como nozes e soja, cujos produtos se beneficiam de recomendações políticas contínuas que favorecem as gorduras poliinsaturadas, e uma especialista que passou mais de 50 anos de sua carreira dedicada a "provar" a hipótese dieta-coração.

Resumo

A ideia de que gorduras saturadas causam doenças cardíacas, chamada de hipótese dieta-coração, foi introduzida na década de 1950, com base em evidências associativas fracas. Ensaios clínicos subsequentes que tentaram substanciar essa hipótese nunca puderam estabelecer um nexo causal. No entanto, esses dados de ensaios clínicos foram amplamente ignorados por décadas, até que os jornalistas os trouxeram à tona, cerca de uma década atrás. Reexames subsequentes desta evidência por especialistas em nutrição já foram publicados em mais de 20 artigos de revisão, que concluíram em grande parte que as gorduras saturadas não têm efeito sobre doenças cardiovasculares, mortalidade cardiovascular ou mortalidade total. O desafio atual é que esse novo consenso sobre gorduras saturadas seja reconhecido pelos formuladores de políticas, que, nos Estados Unidos, têm mostrado forte resistência à introdução de novas evidências. No caso das Diretrizes Dietéticas de 2020, descobriu-se que os especialistas até negam suas próprias evidências. A reavaliação global das gorduras saturadas que ocorreu na última década implica que os limites dessas gorduras não são garantidos e não devem mais fazer parte das diretrizes dietéticas nacionais. Conflitos de interesse e vieses de longa data impedem a atualização da política alimentar para refletir as evidências atuais.


PONTOS CHAVE

  • Os grandes ensaios clínicos sobre gorduras saturadas não fornecem suporte para a ideia de que essas gorduras causam doenças cardíacas.
  • As evidências mais rigorosas sobre as gorduras saturadas, mostrando que elas não causam doenças cardíacas, foram suprimidas ou ignoradas por muito tempo.
  • O atual limite de 10% de gorduras saturadas, conforme recomendado pelas Diretrizes Dietéticas dos EUA para americanos, não é apoiado pela preponderância das evidências.


Fonte: https://bit.ly/3HmvOeR

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.