Dieta Taoísta: Bigu – “Evitando Grãos”.

“Os Imortais Daoístas são frequentemente descritos como “abstenção de grãos” (bigu) como parte de seu treinamento e progressão no Dao… Da mesma forma, a “abstenção de grãos” dos Santos deve ser vista como uma técnica fundamental para alcançar a imortalidade, talvez apenas inferior a uma planta mágica ou elixir que instantaneamente cumpriria a mesma função que a prática do bigu.” (Dannaway, Frederick R. (2009)Yoked to Earth: A Treatise on Corpse-Demons and Bigu)

O “cortar” dos grãos, que eram o alimento básico dos camponeses, era uma rejeição da vida sedentária e da condição camponesa como tal. Esta recusa não deve ser interpretada apenas à luz das misérias sofridas pelos agricultores, mas também de uma forma muito mais fundamental. A agricultura ocasionou, desde o Neolítico, uma ruptura radical com o modo de vida que prevaleceu durante quase toda a pré-história da humanidade. A agricultura também tem sido a principal culpada pelos desequilíbrios da civilização humana nos últimos dez mil anos ou mais: a destruição sistemática do ambiente natural, a superpopulação, a capitalização e outros males decorrentes do sedentarismo. (Schipper, Kristofer (1993), The Taoist Body, traduzido por Karen C. Duval, University of California Press. p. 170)

“O que se torna evidente no estudo das tensões entre confucionistas e taoístas é uma diferença fundamental em suas avaliações do período pré-histórico da China. Os tempos primordiais dos confucionistas eram vistos como um período de fome, de violência e selvageria, parafraseando e traduzindo Levi (1982), em contraste com a visão taoísta de uma era de ouro de felicidade não inventada como o Éden. “Zhuangzienaltece essa idade idílica com estas palavras: 'Espíritos e deuses mostram sua boa vontade e ninguém morre antes de seu tempo'” (Levi 1982). Isso é um anátema para a visão confucionista de que foi necessário um poder divino civilizador para resgatar a humanidade de sua própria ignorância e desamparo em um deserto brutal. Isso expressa uma orientação cosmológica fundamental que é a base de grande parte dos movimentos sociais na China, talvez até nos tempos modernos. “O homem antigo bebia orvalho” e “alimentava-se da respiração primordial e da harmonia da bebida” e não comia as colheitas laboriosas e vulgares do pó vermelho que são exemplificados nos Cinco Grãos Sagrados (wuku).” (Dannaway, Frederick R. (2009)Yoked to Earth: A Treatise on Corpse-Demons and Bigu)

Ge Hong (c. 320 EC), autor do Baopuzi , literalmente “[Livro do] Mestre que Abraça a Simplicidade”, narra os efeitos de evitar grãos:

Eu observei pessoalmente por dois ou três anos homens que estavam deixando de usar amidos e, em geral, seus corpos eram leves e sua compleição boa. Eles podiam suportar vento, frio, calor ou umidade, mas não havia um gordo entre eles. Admito que ainda não conheci ninguém que não tenha comido amidos em várias décadas, mas se algumas pessoas cortam os amidos por apenas algumas semanas morrem enquanto outras parecem tão bem quanto depois de anos, por que devemos duvidar disso? O jejum (deliberado) poderia ser prolongado ainda mais? Se aqueles que evitam os amidos ficam progressivamente mais fracos até a morte, normalmente se teme que tal dieta simplesmente não possa ser prolongada, mas a investigação daqueles que seguem essa prática revela que no início todos eles notam uma diminuição de força, mas que depois eles gradualmente ficar mais forte mês a mês e ano a ano. Assim, não há impedimento à possibilidade de prorrogação. Todos aqueles que encontraram o processo divino para alcançar a Plenitude da Vida tiveram sucesso tomando remédios e engolindo ar; nisto estão todos em perfeito acordo. Um momento de crise, no entanto, geralmente ocorre em um estágio inicial, quando os medicamentos estão sendo tomados e os amidos abandonados e somente após quarenta dias de enfraquecimento progressivo, como se usa apenas água benta e se alimenta apenas de ar, é que se recupera as forças.(15, tr. Ware 1966:246-7)


Baopuzi “O Mestre Abraçando a Simplicidade”

O Capítulo 6, “O Significado de 'Sutil'” (微旨), iguala a evitação de grãos com as habilidades sobrenaturais de um transcendente xian .

Portanto, renunciando aos amidos, pode-se tornar-se imune a armas, exorcizar demônios, neutralizar venenos e curar doenças. Ao entrar em uma montanha, ele pode tornar as feras selvagens inofensivas. Quando ele cruzar riachos, nenhum dano será feito a ele por dragões. Não haverá medo quando a peste atacar; e quando uma crise ou dificuldade surgir de repente, você saberá como lidar com ela . (6, tr. Ware 1966:114-5)

Enquanto a mitologia tradicional chinesa retratava a culinária e a agricultura como elementos-chave da civilização, os taoístas criaram uma “contra-narrativa” para justificar a ideia de evitar grãos. (Campany, Robert Ford. Hong Ge. 2002. Para viver tanto quanto o céu e a terra: uma tradução e estudo das tradições divinas transcendentes de Ge Hong . Berkeley: University of California Press. p. 16)

Por exemplo, o confucionista Xunzi e o legalista Hanfeizi descrevem Suiren como herói folclórico cultural:

Nos primeiros tempos … as pessoas viviam de frutas, bagas, mexilhões e mariscos – coisas que às vezes se tornavam tão rançosas e fétidas que machucavam o estômago das pessoas, e muitas ficavam doentes. Surgiu então um sábio que criou a perfuração da madeira para produzir fogo para transformar os alimentos fétidos e pútridos. As pessoas ficaram tão encantadas com isso que o fizeram governante do mundo e o chamaram de Fire-Drill Man (Suiren 燧人). ( Hanfeizi 49, tr. Campany 2005:15)



Suiren

Em contraste, o capítulo Zhuangzi “Mending Nature” menciona Suiren primeiro em uma lista de governantes sábios míticos – Fu Xi, Shennong, Imperador Amarelo, Tang de Shang e Yu, o Grande, tradicionalmente creditados com o avanço da civilização – mas os descreve como vilões que começou a destruição da harmonia primordial do Dao. Campany (2005:16) chama isso de “o declínio do Poder e o afastamento cada vez maior do Tao natural em sistemas de restrição social e o que passa por cultura”.

Os antigos, em meio ao caos, estavam tranquilos junto com o mundo inteiro. Naquela época, yin e yang estavam harmoniosamente quietos, fantasmas e espíritos não causavam distúrbios; as quatro estações chegaram em boa hora; a miríade de coisas saiu ilesa; a hoste de criaturas vivas escapou da morte prematura. … Essa condição persistiu até que a integridade se deteriorou a ponto de Torchman [Suiren] e Fuhsi surgirem para administrar tudo sob o céu, após o que houve acordo, mas não mais unidade. A integridade declinou ainda mais até que o Fazendeiro Divino e o Imperador Amarelo se levantaram para administrar tudo sob o céu, após o que houve repouso, mas não mais acordo. A integridade declinou ainda mais até que T'ang e Yu se levantaram para administrar tudo sob o céu. Eles iniciaram a moda de governar por transformação, em que a pureza era diluída e a simplicidade dissipada. (tr. Mair 1994:149)


Shennong “Fazendeiro Divino”

“Agora, as pessoas da antiguidade misteriosa, atingiram a velhice porque permaneceram no lazer e nunca comeram grãos.” (Do Altíssimo Tesouro Numinoso)

A Rebelião do Turbante Amarelo foi iniciada por adeptos taoístas que propuseram uma visão de mundo alternativa para reestruturar a sociedade a partir do Céu Amarelo. A luta não era contra a sociedade em si tanto quanto era a frustração pela perda de uma “comunidade agrícola primitiva idealizada... ou uma nostalgia por uma sociedade comunal pré-feudal ou neolítica” (Girardot, NJ 1983. Myth and Meaning in Early Taoism . Berkeley: University of California Press.)


Rebelião do turbante amarelo

“Retirar-se para uma montanha, então como agora, exigiria uma quantidade excessiva de treinamento, planejamento e disciplina. Seguindo Maslow, a primeira preocupação do aspirante, especialmente em tempos de fome e conflito, seria a nutrição. Isso essencialmente coloca a pessoa de volta na mesma situação de antes do advento da agricultura. Os mestres taoístas, em certo sentido, decidem que, em face das ordens sociais continuamente em ruínas, com prosperidade intermitente, acabar com a farsa e enfrentar a situação em seus próprios termos. Ser capaz de minimizar ou abster-se de alimentos (especialmente os Cinco Grãos) e prosperar por meio de artes sutis seria o mesmo que libertar-se do sistema feudal.” (Dannaway, Frederick R. (2009)Yoked to Earth: A Treatise on Corpse-Demons and Bigu)

“Os Imortais estão sempre à distância, um pouco mais longe no mar, um pouco mais alto na montanha. Além das construções modernas que carregam mitos, há exemplos dos Shuli, “os cozidos” e dos Shengli, “os crus das montanhas de Limu”. Os “crus” vivem nas alturas impenetráveis ​​das montanhas além do alcance da lareira civilizadora e além deles no topo do Monte Limu estão os imortais, que estão o mais longe possível da civilização enquanto ainda permanecem na terra. A proximidade com a civilização, como níveis graduais de saúde ou longevidade quanto mais alto na montanha, geralmente determina a vitalidade dos Imortais e das usinas de energia. Levi (Lévi, Jean. 1982. L'abstinence des céréales chez les Taoïstes.Études chinoises 1: 3-47.) expressa isso no contexto de uma “recusa da ortodoxia” em favor de uma primitiva Idade de Ouro onde a 'dietética taoísta não é uma coleção de boas receitas domésticas ou uma dieta higiênica protocientífica', mas um ato de protesto.” (Dannaway, Frederick R. (2009)Yoked to Earth: A Treatise on Corpse-Demons and Bigu)

Durante o reinado do imperador Cheng dos Han, caçadores nas montanhas Zhongnan viram uma pessoa que não usava roupas, com o corpo coberto de cabelos pretos. Ao ver essa pessoa, os caçadores quiseram persegui-lo e capturá-lo, mas a pessoa saltou sobre ravinas e vales como se estivesse em fuga, e assim não pôde ser alcançada. Os caçadores então observaram furtivamente onde a pessoa morava, cercaram e capturaram, após o que determinaram que a pessoa era uma mulher. Ao ser questionada, ela disse: “Eu era originalmente uma mulher do palácio Qin. Quando soube que os invasores do leste haviam chegado, que o rei de Qin sairia e se renderia e que os prédios do palácio seriam queimados, fugi assustada para as montanhas. Faminta, estava a ponto de morrer de fome quando um velho me ensinou a comer a resina e as nozes dos pinheiros. No início, eles eram amargos, mas aos poucos fui me acostumando com eles. Eles me permitiram não sentir fome nem sede; no inverno não sentia frio, no verão não sentia calor.” O cálculo mostrou que a mulher, tendo sido membro do harém do rei Qin Ziying, deve ter mais de duzentos anos na época atual do imperador Cheng. Os caçadores levaram a mulher de volta. Ofereceram-lhe grãos para comer. Quando sentiu o cheiro do grão pela primeira vez, vomitou e só depois de vários dias conseguiu tolerá-lo. Depois de pouco mais de dois anos dessa [dieta], os pelos do corpo dela caíram; ela envelheceu e morreu. Se ela não tivesse sido pega pelos homens, ela teria se tornado uma transcendente. (tr. Campany 2005:38)

Como diz o Dayou Zhang (Verso da Grande Existência):

“Os cinco grãos são cinzéis cortando a vida,
Fazendo os cinco órgãos federem e encurtarem nossos vãos.
Uma vez que entrou em nosso estômago,
Não há mais chance de viver muito tempo.
Esforçar-se para evitar completamente toda a morte
Mantenha seus intestinos livres de excrementos!”

Evitar grãos era a principal cura médica para eliminar os sanshi 三尸 “Três Cadáveres” ou sanchong 三蟲 “Três Vermes”, que são espíritos malignos que se acredita viver no corpo humano e acelerar a morte. Livia Kohn (Kohn, Livia (1993), The Taoist Experience: An Anthology , State University of New York Press. p. 148) descreve os Três Cadáveres como “criaturas sobrenaturais demoníacas que se alimentam de decomposição e estão ansiosas para que o corpo morra completamente para que possam devorá-lo. Eles não apenas encurtam a vida útil, mas também se deliciam com a matéria em decomposição produzida pelos grãos à medida que são digeridos nos intestinos. Se alguém deseja alcançar uma vida longa, os três vermes precisam passar fome, e a única maneira de fazê-lo é evitar todos os grãos.”

Os 'Três Vermes' ou 'Três Cadáveres'

Os três vermes, ou ainda três cadáveres. dependendo do texto, residem na cabeça, tronco e parte inferior do corpo (três campos de elixir dantian) e são assistidos por um grupo pernicioso de nove vermes que fazem de tudo para “incitar as pessoas ao mal ou à doença”. Após sua morte, o anfitrião é lançado nos infernos e os vermes são recompensados ​​com o banquete do cadáver da pobre alma. O Verme Superior é chamado de Peng Ju , é de cor branca e azul, e se concentra em seduzir o adepto a ansiar por comidas deliciosas e outras delícias “físicas”. O Verme Médio, Peng Zhi, é branco e amarelo e incita o adepto à ganância e emoções excessivas de alegria e raiva. O Verme Inferior, Peng Jiaoé branco e preto conspira para atrair o místico para os prazeres mundanos do sexo, álcool e roupas extravagantes (Eskildsen 1998) ou sonhos molhados que minam a vitalidade (Eskildsen, Stephen. 2004. The Teachings and Practices of the Early Quanzhen Taoist Masters . Albany: Universidade Estadual de Nova York.)

O Chu sanshi jiuchong baoshen jing (Escritura sobre a Expulsão dos Três Cadáveres e Nove Vermes para Proteger a Vida) prob. século IX dá os seguintes detalhes:

1. O Cadáver Superior, Pengju vive na cabeça, os sintomas de seu ataque incluem uma sensação de peso na cabeça, visão turva, surdez e fluxo excessivo de lágrimas e muco.
2. O cadáver do meio, Peng Zhi , mora no coração e no estômago. Ataca o coração e faz seu hospedeiro ansiar por prazeres sensuais.
3. O cadáver inferior, Peng Jiao , reside no estômago e nas pernas. Isso faz com que o Oceano de Pneuma ((qihai) corresponde ao dantian inferior) vaze e faça o anfitrião desejar as mulheres.

Nove vermes, que causam doença do cadáver (shih-chai) ou exaustão do cadáver (shih-lao) [(Strickmann 2002):

1. O “verme da emboscada” ( fuchong ) esgota a força das pessoas alimentando-se de sua essência e sangue.
2. O “verme espiralado” ( huichong ) infesta o corpo em pares de machos e fêmeas que vivem acima e abaixo do coração, consumindo o sangue do hospedeiro.
3. O “verme branco de uma polegada de comprimento” ( cun baichong ) mastiga o estômago, enfraquecendo os órgãos internos e danificando o trato digestivo
4. O “verme da carne” ( rouchong ) causa coceira e enfraquece os tendões e as costas.
5. O “verme do pulmão” ( feichong ) causa tosse, acúmulo de catarro e dificuldade para respirar.
6. O “verme do estômago” ( weichong ) consome alimentos do estômago de seu hospedeiro, causando fome.
7. O “verme obstrutor” ( gechong ) entorpece os sentidos, induz à sonolência e causa pesadelos.
8. O “verme vermelho” ( chichong ) causa estagnação do sangue e pneuma, peso na cintura e zumbido no ouvido.
9. O “verme se contorcendo” ( qiaochong ) causa feridas com coceira na pele e cáries dentárias.

(Pregadio, Fabrizio, ed. 2008. The Encyclopedia of Taoism . RoutledgeCurzon.)


Os Nove Vermes

O Taishang shengxuanjing diz que um jejum de 30 dias mata o verme superior, 60 o do meio, 100 e assim por diante, como mencionado, mas que mesmo após o adepto purgar o corpo ele ainda sentirá vontade de comer. Isso é explicado que a essência refinada dos grãos causa uma membrana viscosa que reveste as Cinco Vísceras, Seis Intestinos, as articulações, músculos e vasos, mas a perseverança por mais 20-30 dias fará com que desapareça (assim como verrugas, cicatrizes e manchas).

Os textos médicos japoneses estão cheios de vermes demoníacos semelhantes, alguns exigindo tratamento mágico ou potente ou vigílias no dia Koshin. Estes são de um texto médico anônimo de Osakan do século XVI, Harikikigaki :







Lectinas são tipos de proteínas comumente encontradas na natureza em alimentos como frutas, vegetais e frutos do mar, mas especialmente grãos, feijões e sementes.



Algumas das lectinas consumidas nos alimentos do dia a dia atuam como mensageiros químicos que podem de fato se ligar aos açúcares das células do intestino e das células do sangue, iniciando uma resposta inflamatória. No trigo, a gliadina, um componente do glúten e uma iso-lectina da aglutinina do germe de trigo (WGA), é capaz de ativar as proteínas NF kappa beta que, quando reguladas positivamente, estão envolvidas em quase todos os distúrbios inflamatórios agudos e crônicos, incluindo doenças neurodegenerativas, doença inflamatória intestinal, doenças infecciosas e autoimunes. (Jones, David S., ed.. Textbook of Functional Medicine. Gig Harbor: The Institute for Functional Medicine, 2005, 303.)



Aglaée, a Dietista Paleo, diz: “Algumas pessoas podem sentir diarreia, náusea, inchaço, refluxo ou vômito ao ingerir lectinas. Independentemente de você apresentar sintomas ou não, as lectinas podem danificar o revestimento intestinal, prejudicar a absorção de nutrientes, comprometer a flora intestinal e interferir no sistema imunológico”.

A lectina tem um papel protetor para a planta ao irritar seu sistema digestivo para que você não digira suas sementes, o que é necessário para a reprodução e sobrevivência de sua espécie. Algumas pessoas podem apresentar diarreia, inchaço, náusea, refluxo ou vômito ao ingerir lectinas. Independentemente de você apresentar sintomas ou não, as lectinas podem danificar o revestimento intestinal, prejudicar a absorção de nutrientes, comprometer a flora intestinal e interferir no sistema imunológico. As lectinas também estão envolvidas na permeabilidade intestinal prejudicada, ou intestino permeável, que permite que partículas não digeridas (cocô!) passem do intestino para o sangue e causem problemas.



Lectinas que podem danificar o revestimento do intestino, o que aumenta a inflamação e é uma característica recém-descoberta não apenas da doença autoimune, mas também da resistência à insulina e da patologia hepática.

O trigo contém uma lectina chamada aglutinina de germe de trigo, ou WGA. As lectinas são pequenos insetos pegajosos e o WGA entra no intestino delgado e se acumula na borda da escova. Em seguida, ele engana seu corpo para levá-lo através da fronteira do intestino intacto, onde é visto como um invasor estrangeiro pelo sistema imunológico. Os anticorpos são criados em resposta às lectinas e, infelizmente, as lectinas muitas vezes se parecem muito com outras partes do seu corpo. Elas podem se parecer com células em seu cérebro, pâncreas, etc., então os mesmos anticorpos que foram criados para atacar a lectina irão realmente lançar ataques em seu próprio corpo. É aqui que surgem problemas autoimunes, como diabetes tipo 1, doença celíaca, lúpus e esclerose múltipla. ( http://www.paleoplan.com/2011/03-30/why-no-grains-and-legumes/)

Há uma abundância de literatura das revistas mais prestigiadas que lectinas como WGA iniciam reações alérgicas no intestino causando a liberação de IL-4, IL-13 e histamina de basófilos humanos produzindo sintomas alérgicos perceptíveis. (Watzl B, Neudecker C, Hansch GM, Rechkemmer G, Pool-Zobel BL. Aglutinina de germe de trigo dietético modula respostas imunes induzidas por ovalbumina em ratos Brown Norway. Br J Nutr. 2001 Apr;85(4):483-90.) (Eur. J. Immunology. 1999. Mar;29(3):918-27.)

O WGA também demonstrou interferir na digestão de proteínas e aumentar a permeabilidade intestinal. (Falth-Magnusson K., et al. Níveis elevados de anticorpos séricos para a aglutinina do germe de trigo lectina em crianças celíacas dão suporte à teoria do glúten-lectina da doença celíaca. Pediatr Allergy Immunol. May 1995; 6(2): 98- 102.) (Hollander D, Vadheim CM, Brettholz E, Pertersen GM, Delahunty T, Rotter JI. Aumento da permeabilidade intestinal em pacientes com doença de Crohn e seus parentes. Um possível fator etiológico. Ann Intern Med, dezembro de 1986; 105(6) :883-85.)

GRÃOS SÃO VICIANTES:

Grupos liderados por Zioudrou (1979) e Brantl (1979) encontraram atividade opioide em trigo, milho e cevada (exorfinas), e leite bovino e humano (casomorfina), bem como atividade estimuladora nessas proteínas, e em aveia, centeio e soja. A exorfina de cereais é muito mais forte que a casomorfina bovina, que por sua vez é mais forte que a casomorfina humana. Mycroft et ai. (1982, 1987) encontraram um análogo de MIF-1, um peptídeo dopaminérgico de ocorrência natural, em trigo e leite. Não ocorre em nenhuma outra proteína exógena… Desde então, os pesquisadores mediram a potência das exorfinas, mostrando-as comparáveis ​​à morfina e à encefalina (Heubner et al. 1984), determinaram suas sequências de aminoácidos (Fukudome & Yoshikawa 1992), e mostraram que são absorvidos pelo intestino (Svedburg et al.1985) e podem produzir efeitos como analgesia e redução da ansiedade que geralmente estão associados com opioides derivados da papoula. (Greksch et al.1981, Panksepp et al.1984)... Um dos fenômenos mais marcantes nestes estudos é que os pacientes frequentemente exibem desejos, dependência e sintomas de abstinência em relação a esses alimentos (Egger 1988:170, citando Randolph 1978; ver também Radcliffe 1987:808-10, 814, Kroker 1987:856, 864, Sprague & Milam 1987:949, 953, Wraith 1987:489, 491). Brostoff e Gamlin (1989:103) estimaram que 50% dos pacientes com intolerância desejam os alimentos que lhes causam problemas, e experimentam sintomas de abstinência ao excluir esses alimentos de sua dieta. Os sintomas de abstinência são semelhantes aos associados aos vícios em drogas (Wadley, Greg; Martin, Angus “The Origins of Agriculture: A Biological Perspective and a new Hypothesis” Australian Biologist 6: June 1993 pp. 96-105)

“A adoção da agricultura de cereais e a subsequente ascensão da civilização não foram satisfatoriamente explicadas, porque as mudanças comportamentais subjacentes a elas não têm uma base adaptativa óbvia… A resposta, sugerimos, é esta: cereais e laticínios não são alimentos humanos naturais, mas são preferidos porque contêm exorfinas. Essa recompensa química foi o incentivo para a adoção da agricultura de cereais no Neolítico. (Wadley, Greg; Martin, Angus “The Origins of Agriculture: A Biological Perspective and a new Hypothesis” Australian Biologist 6: June 1993 pp. 96-105)




No século II a.C. Huainanzi cita um ditado comum: “Aqueles que comem cereais são inteligentes, mas morrem cedo, aqueles que não os comem são imortais” (Lévi, Jean. 1982. L'abstinence des céréales chez les Taoïstes. Études chinoises 1: 3–47.)

Fonte: https://bit.ly/3GQXfuO