O impacto dos alimentos ultraprocessados sobre o carbono, a água e as pegadas ecológicas dos alimentos no Brasil.
Alimentos ultraprocessados (AUP) têm sido associados a importantes problemas de saúde pública relacionados à dieta que compartilham fatores subjacentes às mudanças climáticas. Ambos os desafios exigem grandes mudanças no sistema alimentar e, portanto, os benefícios potenciais para a saúde e o meio ambiente apresentam uma motivação dupla para a transformação. O objetivo é avaliar os impactos de AUP nas emissões totais de gases de efeito estufa (GEE), água e pegadas ecológicas nas compras de alimentos no Brasil.
Métodos: Utilizaram dados de 4 Pesquisas de Orçamentos Familiares no Brasil (1987, 1996, 2003, 2009). Cada item alimentar foi classificado em grupos de alimentos NOVA (não processados / minimamente processados, ingredientes culinários, processados e ultraprocessados). A informação estava ligada a dados nutricionais e pegadas. As compras foram convertidas em gramas per capita por dia para estimar a energia total (kcal), a porcentagem de energia de AUP, bem como o total de GEE, água e pegadas ecológicas. Realizamos uma regressão linear para calcular as médias ajustadas ao ano das pegadas por 1000 Kcal por quintis específicos do ano de participação AUP na energia total. Os dados foram analisados em R v.3.6.1 e STATA SE 14.1.
Resultados: A participação média da UPF na energia total variou de 13% (DP 2,4) no 1º quintil da UPF a 29% (DP 5,1) no 5º quintil. As pegadas aumentaram linearmente entre os quintis: a média de g CO2eq variou de 1312 no 1º a 1721 no 5º quintil UPF (tendência de p <0,001); a média de litros de água variou de 1420 no 1º a 1830 no 5º quintil (p-tendência <0,001); a média de m2 variou de 9,4 no 1º a 12,3 no 5º quintil (p <0,001).
Conclusões: Os impactos ambientais foram maiores para as dietas brasileiras com uma fração maior de energia de AUP. Especificamente, dietas com baixo AUP parecem ter menor emissão de GEE, água e pegada ecológica. Essas descobertas oferecem novos motivadores para mudanças na dieta para padrões de alimentação simultaneamente mais saudáveis e sustentáveis e serão relevantes para consumidores e legisladores.
Mensagens-chave:
- As dietas ricas em AUP causam mais impacto no clima do que as dietas com níveis mais baixos de AUP.
- Os padrões alimentares saudáveis e sustentáveis devem ser baixos em alimentos ultraprocessados.
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