Avisos sobre carne processada falham no teste da ciência

Ingestão de carne processada e morbimortalidade por doença crônica: uma visão geral de revisões sistemáticas e metanálises

Apesar do valor nutricional da carne, um grande volume de revisões e metanálises sugere que a ingestão de carne processada está associada a um risco aumentado de doenças crônicas. No entanto, geralmente não existem avaliações da qualidade dessas revisões publicadas.

Revisaramos e avaliaram sistematicamente a qualidade, juntamente com o resumo dos resultados de revisões sistemáticas e meta-análises publicadas anteriormente, que examinaram a associação entre ingestão de carne processada e câncer, diabetes tipo II (DT2) e doenças cardiovasculares (DCV).

Revisões e metanálises publicadas até maio de 2018 foram identificadas por meio de uma pesquisa sistemática na literatura nas bases de dados MEDLINE e EMBASE, e listas de referências das revisões incluídas. A qualidade das revisões sistemáticas e das metanálises foi avaliada usando uma ferramenta de medição para avaliar revisões sistemáticas (AMSTAR).

Todas as análises elegíveis tiveram que cumprir dois requisitos de qualidade: fornecer informações suficientes sobre a avaliação da qualidade dos estudos primários e uma pesquisa abrangente.

Os resultados foram resumidos para DT2, DCV e cada um dos diferentes tipos de câncer. A certeza nas estimativas dos resultados individuais foi classificada usando o método de classificação de recomendações, avaliação, desenvolvimento e avaliações (GRADE).

No total, 22 revisões sistemáticas foram elegíveis e, portanto, incluídas nesta revisão. Mais de 100 revisões foram excluídas porque a avaliação da qualidade dos estudos primários não havia sido realizada. A pontuação AMSTAR das revisões incluídas variou de 5 a 8, indicando qualidade moderada.

No geral, as avaliações de qualidade dos estudos primários das revisões geralmente estão ausentes; a qualidade científica das revisões sistemáticas que relatam associações positivas entre a ingestão de carne processada e o risco de vários tipos de câncer, DT2 e DCV é moderada, e os resultados de estudos de caso-controle sugerem mais frequentemente uma associação positiva do que os resultados de estudos de coorte.

A certeza geral das evidências foi muito baixa em todos os resultados individuais, devido ao sério risco de viés e imprecisão.

Os autores concluem:

"Muitas revisões anteriores relatam associações adversas entre uma alta ingestão de carne processada e risco de vários tipos de câncer, diabetes tipo II e doenças cardiovasculares, mas a maioria apresentava qualidade metodológica moderada, onde evidências de associações eram mais frequentemente encontradas quando as revisões eram baseadas em resultados de controle de casos do que quando com base em estudos de coorte, sugerindo que quanto melhor o desenho do estudo, menor a probabilidade de uma associação. Além disso, a certeza geral das evidências foi muito baixa em todos os resultados individuais, devido ao sério risco de viés e imprecisão. Uma avaliação sistemática da qualidade de cada um dos estudos primários em uma revisão deve ser realizada em futuras revisões sistemáticas antes de formular uma conclusão concreta das evidências."

Fonte: http://bit.ly/2W5Og1q